"Um
ano após a minirreforma
eleitoral ter sido sancionada pela então presidente Dilma
Rousseff,
o Congresso Nacional volta a discutir, a partir desta semana,
mudanças nas regras eleitorais.
Com
o fim do financiamento empresarial de campanhas, ganha força a ideia
de um fundo
eleitoral.
Ainda há dúvidas sobre de onde viria o dinheiro e como funcionaria
a distribuição de recursos.
Nas
disputas municipais deste ano, foram frequentes as reclamações de
candidatos sobre a falta de dinheiro para campanha. Na avaliação de
especialistas, por outro lado, políticos já conhecidos, ligados à
máquina pública ou a empresas, tiveram vantagem nesse cenário.
De
acordo com balanço divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
no primeiro turno deste ano, os candidatos a prefeito e a vereador
declararam
ter gasto R$ 2,1 bilhões com a campanha. O número equivale a um
terço das despesas informadas em 2012, quando o montante chegou a R$
6,24 bilhões.
Sem
rosto
Defendida
pelo presidente da Câmara, Rodrigo
Maia
(DEM-RJ) e relator da reforma no ano passado, outra proposta que pode
vingar é a adoção
da lista fechada.
Nesse modelo, os eleitores votam no partido, que estabelece a ordem
dos candidatos que serão eleitos, se a legenda obtiver o número de
votos necessário.
“Ao invés de fazer 70 campanhas para deputado federal no estado do Rio de Janeiro, vai fazer uma. Ao invés de fazer 100 campanhas para deputados estaduais você vai fazer uma. Além de existirem bons exemplos na Europa, tem a questão do custo, muito menor do que o modelo atual e do que o voto distrital”, disse Maia após encontro com o presidente do TSE, Gilmar Mendes, na sede da corte na última quinta-feira (13).
A
proposta também é defendida pelo deputado Marcelo
Castro
(PMDB-PI), que foi relator da reforma política no ano passado.
Segundo ele, a proposta resgata o papel dos partidos políticos pela
ótica da defesa de um projeto de país. "Nosso sistema é uma
aberração, não dá para ter mais de 30 partidos que não dizem
nada, que não têm uma proposta sólida. Não se conhecem mais as
ideias que cada partido defende e isso torna o nosso sistema político
uma aberração",
disse ao HuffPost Brasil.
Na
reforma do ano passado, a proposta de lista foi preterida pelo
distritão,
que foi levado ao plenário da Casa. No distritão, elege-se o
político que mais teve votos. Para Castro, a proposta favorece os
políticos mais ricos e famosos, em vez de enaltecer um projeto
político para o País.
O
debate desses dois pontos ficaram a cargo da Câmara, que terá uma
comissão especial para a reforma a partir desta semana. O relator
será o deputado Vicente Cândido (PT-SP) e o presidente deve ser
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). A expectativa é votar o texto em
plenário até o início de novembro.
Para
agilizar os trabalhos, Câmara e Senado vão trabalhar em conjunto. A
intenção é que as casas dialoguem para chegarem a acordos sobre os
temas em tramitação em cada lado do Legislativo. Isso porque quando
há uma mudança em uma proposta, ela precisa voltar a outra Casa. A
ideia é votar tudo até o fim do ano.
Fora,
nanicos
Ao
Senado, coube votar o fim das coligações e uma barreira para os
partidos nanicos. Aprovada na comissão sobre o tema, a PEC 36/2016
deve ser votada em plenário em primeiro turno em 9 de novembro, com
aval do presidente da Casa, Renan
Calheiros
(PMDB-AL).
De
iniciativa do presidente do PSDB, senador Aécio
Neves
(MG) e de Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o texto estabelece que só
terão acesso a direitos de "funcionamento parlamentar"
legendas que, a partir das eleições de 2018, conquistarem pelo
menos 2% dos votos válidos.
A
partir de 2022, a parcela passará para 3% dos votos válidos em pelo
menos 14 unidades da Federação, sendo pelo menos 2% dos votos
válidos em cada uma. Tais direitos incluem acesso ao fundo
partidário, tempo de rádio e televisão e permissão para propor
ações de controle de constitucionalidade, no âmbito jurídico.
O
deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) tenta articular para que o
percentual de votos caia para 1% em 2018, mas a proposta tem pouca
adesão no Senado. A correligionária do parlamentar, senadora
Vanessa Grazziotin (AM) também tenta emplacar mudanças no projeto
tucano que, na prática, pode decretar o fim de partidos pequenos.
Além
da cláusula
de barreira,
a PEC acaba
com as coligações partidárias nas eleições proporcionais,
ou seja, para deputado federal, estadual, distrital e vereador. Para
alguns partidos menores, como o PCdoB, tais alianças são
fundamentais para elegerem candidatos.
Isso
porque na disputa desses cargos, a divisão é feita considerando o
quociente eleitoral e o quociente partidário. O primeiro é o número
de votos válidos dividido pelo número de vagas naquela função.
Por exemplo, se há 6.050 votos válidos e nove vagas, o quociente será 672. Ou seja, um partido ou coligação só consegue eleger um representante se tiver esse número de eleitores.
Por exemplo, se há 6.050 votos válidos e nove vagas, o quociente será 672. Ou seja, um partido ou coligação só consegue eleger um representante se tiver esse número de eleitores.
Já
o quociente partidário determina o número inicial de vagas que
caberá a cada partido ou coligação que tenham alcançado o
quociente eleitoral. A conta é o total de votos válidos para cada
legenda ou coligação dividido pelo quociente eleitoral.
Nesse
exemplo das nove vagas em disputa, uma sigla ou coligação com 1.900
votos válidos terá dois acentos, uma vez que o quociente eleitoral
é 672. Por isso, partidos menores, e portanto com menos
visibilidade, costumam se beneficiar dessas alianças.
De
acordo com o relatório do senador Aloysio
Nunes
(PSDB-SP), aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
do Senado, a mudança começaria em 2020."
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