Em pleno século 21 com todas os avanços na medicina. Somos obrigados a participar desse retrocesso.
"Nota
técnica orienta compra de aparelhos no SUS, além de
pregar abstinência para usuários de drogas e leitos psiquiátricos
infantis"
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse não conhecer o documento Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara |
Lígia
Formenti, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
- "Documento do Ministério
da Saúde publicado
esta semana dá sinal verde para a compra de aparelhos de
eletroconvulsoterapia (os eletrochoques) para o Sistema
Único de Saúde (SUS) e
reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais
psiquiátricos. O texto ainda prega a abstinência para o tratamento
de dependentes de drogas.
Com
32 páginas, o texto sobre as mudanças na Política de Saúde
Mental, Álcool e outras Drogas da pasta tira ainda o protagonismo da
redução de danos, adotada há pelo menos 30 anos no País. A
estratégia prevê o cuidado geral do dependente químico e tem como
principal objetivo a melhora de seu estado.
Ao Estado,
o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse não
conhecer o documento. E ao ouvir os temas abordados, emendou: “Sem
dúvida (as medidas) são polêmicas.”
“Trata-se
de retrocesso sem precedentes e uma amostra da preferência por
intervenções autoritárias nessa área”, afirma Andrea Gallassi,
professora da Universidade
de Brasília (UnB).
“No documento, a abstinência passa a ser o ponto central. E a
redução de danos aparece camuflada.” Embora apontada como recurso
para tratamento de pacientes com depressão grave, a
eletroconvulsoterapia no passado foi associada a torturas em
pacientes e abusos cometidos por profissionais de hospitais
psiquiátricos.
Defesa
Coordenador
Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da
Saúde, Quirino Cordeiro – que assina a nota técnica -, defendeu o
destaque dado ao tratamento. A ideia, de acordo com ele, é orientar
gestores do SUS sobre a política de saúde mental, o que passa por
abordar o uso da eletroconvulsoterapia.
O
mesmo raciocínio se aplica à internação de crianças e
adolescentes em hospitais psiquiátricos. O coordenador avalia haver
um número insuficiente de leitos no País para atendimento de saúde
mental. Ele diz que crianças e adolescentes podem ser internados,
mas isso raramente é feito pela carência de vagas. “Daí fazermos
uma menção especial.”
Os
rumos da Política de Saúde Mental no País foram alterados nos
últimos anos. Depois de um esforço intenso para reduzir a
hospitalização de pacientes de saúde mental, agora a política
vive um movimento inverso, com a pressão de alguns setores pelo
aumento das vagas para internação. No documento, a pasta critica o
fechamento de leitos psiquiátricos e aponta, entre as medidas
necessárias, o tratamento de dependentes de drogas em comunidades
terapêuticas.
A
medida é criticada por integrantes do movimento de desospitalização,
sob o argumento que tais instituições são pouco fiscalizadas e
palco de desrespeito a direitos. “Há sim uma fiscalização. E
abusos podem ser cometidos em qualquer instituição”, rebateu
Cordeiro”
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!