Gustavo Bebianno, o articulador político de Bolsonaro |
Por
Carla Bridi e Tulio Kruse – Estadão
“O ex-ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou que
o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente
Jair Bolsonaro, "inflamou a cabeça do pai" e foi o
responsável por sua demissão do governo. Em entrevista ao
programa Pingos nos Is da rádio Jovem Pan, Bebianno
criticou a postura de Carlos ao longo da campanha eleitoral de 2018 e
disse que sua influência sobre o presidente é nociva para o
governo.
Eu fui demitido pelo
Carlos Bolsonaro", afirmou, acrescentando que "não deveria
nem ter assumido" pois não queria cargo em troca da sua atuação
na campanha. "A minha indignação aqui é por ter servido como
um soldado leal de todas as horas, disposto a matar ou a morrer, e,
no fim da linha, ser crucificado, levar um tiro nas costas e tachado
que tudo que há, simplemente porque o senhor Carlos Bolsonaro fez
uma macumba psicológica na cabeça do pai."
O ex-ministro ainda
acrescentou ter certeza de que Bolsonaro decidiu pela demissão "com
uma dose grande de sofrimento". "Eu sempre vi nos olhos
dele um grande carinho por mim", contou.
Para Bebianno, o filho do
presidente "tem um nível de agressividade acima do normal".
Ele afirmou que Carlos atacou verbalmente integrantes do PSL no Rio
de Janeiro, onde seria conhecido como "destruidor de
reputações". Ao comentar as especulações de que poderia
exercer o papel de "homem-bomba" contra o governo, no
entanto, Bebianno negou qualquer intenção de se tornar pivô de
escândalos. "Não vou atacar o nosso presidente em
absolutamente nada."
Globo
O ex-ministro ainda
rebateu argumentos do presidente Jair Bolsonaro sobre um encontro
marcado com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo
Globo, Paulo Tonet Camargo, e a troca de mensagens entre os dois
enquanto o presidente estava internado. Ele afirmou que tentava
desenvolver relações "positivas" com a imprensa, e que
outros dois ministros já haviam se encontrado com a mesma pessoa.
Sobre sua afirmação ao
jornal O Globo, de que não havia crise instaurada no
governo, Bebianno justificou que respondeu dessa maneira
pelo motivo de que "não havia por que alguém do Palácio
tratar desse assunto lá. Uma suposta crise, se viesse a existir,
estaria em Pernambuco, não em Brasília. É uma questão de
competência legal, por isso disse que 'não há crise'".
Sai Bebianno entra o 8º militar ministro no governo de Bolsonaro, Floriano Peixoto |
O argumento é referente à
sua justificativa sobre o esquema de repasses do Fundo Partidário no
PSL durante as eleições de 2018. Então presidente nacional do
partido, o ex-ministro justificou que os depósitos feitos
diretamente às candidatas laranjas de Pernambuco e de demais Estados
foram originários de indicações dos diretores estaduais, sem que
houvesse escolha por parte de Bebianno.
Ele ainda relatou ter
escrito uma explicação para o presidente Jair Bolsonaro e uma cópia
"mais aprofundada" para os generais que fazem parte do
governo. "Expliquei como funciona a divisão de verbas, o
general Heleno, Santos Cruz, Floriano Peixoto, leram aquilo,
compreenderam a situação e viram, pelo menos naquele momento, que a
minha explicação era muito consistente."”
Fonte: Estadão de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!