Presidente do STF, Ministro Dias Toffolli - foto @cesar itiberê/PR |
A eleição que escolheria o nome que comandará a Casa foi adiada para
as 11h de hoje, 2 de fevereiro
POR
FOLHAPRESS
“O presidente
do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, decidiu anular
decisão do plenário do Senado pelo voto aberto na eleição para a
presidência da Casa e determinou que a votação seja secreta.
"Declaro
a nulidade do processo de votação da questão de ordem submetida ao
plenário pelo senador da República Davi Alcolumbre, a respeito
da forma de votação para os cargos da Mesa Diretora. Comunique-se,
com urgência, por meio expedito, o senador da República José
Maranhão, que, conforme anunciado publicamente, presidirá os
trabalhos na sessão marcada para amanhã (sábado)", diz a
decisão.
Segundo
Toffoli, é preciso respeitar o artigo 60 do regimento do Senado, que
determina votação secreta.
Aliados
do senador Renan Calheiros (MDB-AL) entraram à 0h deste
sábado (2) com pedido no STF para reverter a votação desta
sexta-feira (1º) em que, por 50 votos a 2, decidiu-se que a eleição
para presidente do Senado se daria por voto aberto. O pedido é
assinado pelo Solidariedade e pelo MDB.
Segundo
Toffoli, o plenário do Senado "operou verdadeira metamorfose
casuística" no próprio regimento. "Ainda que tenha
ocorrido por maioria, a superação da norma em questão, por acordo,
demanda deliberação nominal da unanimidade do plenário, o que não
ocorreu naquela reunião meramente preparatória", diz trecho de
sua decisão.
Em
janeiro, Toffoli já havia revertido entendimento anterior,
do ministro Marco Aurélio, que determinara que a eleição fosse
aberta.
Os
aliados de Renan fizeram três pedidos: 1) que o Supremo
garantisse o voto secreto, previsto no regimento da Casa; 2) que
fosse anulado o processo de votação submetida ao plenário pelo
senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que resultou em
maioria pelo voto aberto; e 3) que fosse reconhecido que candidatos à
presidência do Senado não podem presidir as reuniões
preparatórias, "por absoluta incompatibilidade, sob pena de ser
declarado o seu impedimento". O terceiro pedido
mirava Alcolumbre.
O
pano de fundo da confusão foi a disputa entre dois grupos pela
cadeira: o de Renan, alvo da Lava Jato e presidente do Senado
por quatro mandatos, e o do ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro,
Onyx Lorenzoni (DEM), que tenta emplacar no cargo o até
então inexpressivo Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Único remanescente
na antiga Mesa Diretora do Senado, Alcolumbre foi o
responsável por conduzir a sessão nesta sexta.
Para Toffoli,
o fato de Alcolumbre presidir a sessão que alterou o
regimento e ser candidato "além de afrontar norma regimental do
Senado (art. 50, parágrafo único), a indicar manifesto conflito de
interesses, está malferindo os princípios republicanos,
da igualdade, da impessoalidade e moralidade".
"Penso
que a submissão pelo presidente interino de questão de ordem
versando a forma de votação da eleição da mesa diretora (secreta
ou aberta) desrespeitou a decisão que proferi nesta
suspensão de segurança", ressaltou o presidente do STF,
em referência à decisão dele de janeiro a favor do voto secreto.
"Desse
modo, embora a Constituição tenha sido silente sobre a
publicidade da votação para formação da Mesa Diretora (art. 57, §
4o), o regimento interno do Senado Federal dispôs no sentido da
eleição sob voto fechado. Algum questionamento pode haver no caso
sobre o silêncio constitucional, se teria sido ele intencional, uma
vez que, em diversos dispositivos, a Constituição previu de modo
expresso o sigilo de votação", destacou o ministro do Supremo.
Sabidamente candidato, Alcolumbre não
assumiu oficialmente essa condição e comandou manobras para tentar
enterrar a candidatura de Renan.
Apesar
de o regimento do Senado estabelecer que a eleição é secreta e que
era preciso unanimidade para mudar essa previsão, ele exonerou o
secretário-geral do Senado, Luiz Bandeira de Melo Filho, aliado
de Renan, e colocou em votação proposta de votação aberta
-aprovada por 50 dos 81 senadores, com 2 votos contra.
Hábil
negociador de bastidores, Renan tem maior chance em votação
secreta, já que muitos de seus apoiadores não querem se
ver ligados a um senador alvo da Lava Jato e que, para muitos,
representa a "velha política".
Ficou
acordado que o senador José Maranhão (MDB-PB), o mais velho da Casa
e aliado de Renan, deverá conduzir a sessão. Os
anti-Renan tentarão manter a decisão de voto aberto.
Maranhão
afirmou não concordar com a decisão de Alcolumbre de
colocar em votação a possibilidade de voto aberto. "Ele
[Alcolumbre] não poderia resolver uma questão dessa natureza,
fundamental, numa questão de ordem [questionamentos sobre ritos da
sessão]. Você não pode reformar o regimento numa questão de
ordem", disse.
Alcolumbre afirmou,
após o adiamento da sessão, que a população tem que se insurgir
contra aqueles que não apoiarem a votação aberta.”
Fonte:
Política ao minuto/ Folhapress
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