PorGiovanna
Romano - VEJA.com
“Especialistas em
direito previdenciário afirmam que a proposta da reforma da
Previdência, entregue pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso
Nacional nesta quarta-feira, 20, tem cunho apenas econômico, sem
preocupação social. “Ela foi feita puramente por economistas, foi
focada no critério econômico”, analisa a presidente do Instituto
Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriane Bramante.
O advogado especialista em
direito previdenciário Erick Magalhães ressalta o ponto de Adriane
e afirma que “a reforma da previdência proposta pelo Governo
certamente agradou ao mercado financeiro, já que atende aos anseios
econômicos” mas não é socialmente justa porque se distancia de
uma realidade alcançável.
Para Magalhães, o Governo
Federal não encontrou um “ponto de equilíbrio” no texto entre a
expectativa de vida, o tempo de desemprego e as condições
econômicas de um país subdesenvolvido e “apenas uma minoria
elitizada continuará a conseguir a aposentadoria”.
Além disso, ele analisa
que o texto acentuará as desigualdades sociais “já que muitas
pessoas de classes econômicas de baixa renda dificilmente
conseguirão cumprir com os requisitos”. Adriane, presidente do
IBDP afirma que a proposta é mais dura do que a apresentada pelo
governo Temer e “pega” todo mundo, “até quem está próximo da
aposentadoria”.
O especialista em Direito
Previdenciário João Badari afirma, também, que a proposta é mais
rígida do que a anterior e aponta os problemas sociais nela. “A
proposta do governo é um retrocesso social (…) Caso seja aprovada
a fixação da idade mínima em 65 anos para homens e 62 para
mulheres, o trabalhador terá que contribuir por cerca de 50, 40 anos
até conseguir atingir o direito de se aposentar”, avalia e alega
que os mais pobres serão os mais prejudicados.
Já a Federação do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP), em nota oficial divulgada pela assessoria,
posicionou-se favorável à proposta e afirmou que “o aumento da
expectativa de vida da população brasileira e a queda na taxa de
natalidade, aliada ao crescente déficit na conta da previdência,
tornam a reforma necessária e urgente para garantir a
sustentabilidade do sistema para os futuros aposentados”.
Para a entidade, adiar a
reforma “é um retrocesso para a economia brasileira, empurrando o
problema para frente, uma vez que, com o envelhecimento da população
brasileira, as aposentadorias futuras poderão ficar comprometidas”.
A reforma da Previdência
foi o principal argumento do Planalto para o rombo que as
aposentadorias causaram nas contas públicas. Segundo o ministro da
Economia, Paulo Guedes, a economia gerada pelo projeto deve ser de um
trilhão de reais em dez anos.
A reforma da Previdência
prevê a fixação de idade mínima para que trabalhadores da
iniciativa privada e servidores públicos possam se aposentar. A
proposta exige que as mulheres se aposentem após completar 62
anos de idade e os homens, 65,. O tempo mínimo de contribuição,
chamado carência, também deve subir. A expectativa é que ele seja
de 20 anos. Hoje, esse período é de 15 anos. As mudanças valem
tanto para trabalhadores da iniciativa privada quanto para servidores
públicos.”
Fonte: veja.com
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