Calero é diplomata de carreira (foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados) |
Por Bernardo Bittar
“O
deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ) protocolou dois projetos (um
projeto de lei e uma proposta de emenda à Constituição) para
impedir que pessoas fora da carreira diplomática possam comandar
missões em nome do Brasil no exterior. A decisão vem um dia depois
que o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventou a
possibilidade de indicar o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, como
embaixador do país nos Estados Unidos.
Ao Correio,
Calero, que é diplomata de carreira, diz que a Lei do Serviço
Exterior possibilita que sejam nomeados chefes de missões
diplomáticas pessoas que não tenham prestado concurso.
“Havia
um uso, num passado bastante longínquo, de que houvesse indicações
políticas para esses cargos. Mas essas indicações foram sempre
muito raras porque temos uma carreira consolidada. Nunca teve o filho
de um presidente. É a primeira vez, e é um desprestígio”.
O deputado lembrou os
nomes de figuras políticas indicadas a cargos semelhantes no
passado, como Negrão de Lima, Itamar Franco e Assis Chateaubriand,
fundador do grupo Diários Associados. “Essas eram pessoas de
proeminência nacional, inclusive um ex-presidente da República, não
é o caso agora”.
Protocolizado nesta
sexta-feira à tarde, o projeto de Calero muda a redação do
parágrafo 2 do art. 84 e a PEC endossa essa renovação. “Os
textos vão ao encontro de uma prática que dura mais de 10 anos,
iniciada no governo Lula, de que não houvesse nomeações de fora da
carreira. Isso é um prestígio para o Itamaraty e à formação que
a gente recebe para tanto”, afirmou Marcelo Calero.
Para ser aprovada e, de
fato, vigorar, a PEC de Calero precisa de 308 votos no Plenário
(mesmo número da reforma da Previdência, por exemplo). Questionado
sobre a possibilidade de o texto afundar por causa da falta de apoio,
Calero diz que “se o plenário for coerente com quem o elegeu, vai
aprovar, sim”.
Sobre a possibilidade
de Eduardo Bolsonaro assumir a embaixada de Washington e o filho do
presidente norte-americano Donald Trump, Erik, vir para o Brasil em
cargo semelhante, o deputado lamenta: “Acho uma pena que relações
internacionais de países que têm tradição de aliados como tem
Brasil e estados unidos se resuma a um intercâmbio do Rotary
(programa internacional de intercâmbio de estudantes).
Indicação
O
presidente Jair Bolsonaro disse, nessa quinta-feira (11/7), que
“está no radar” dele a possibilidade de indicar o filho,
deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) como embaixador do Brasil nos
Estados Unidos.
O parlamentar respondeu nesta sexta-feira (12/7), que o chanceler
Ernesto Araújo “expressou
apoio” à
eventual indicação.
O possível embaixador
disse que deve se reunir com o presidente Jair Bolsonaro até o
próximo domingo (14/7) para tentar resolver as questões. “Agora
só falta conversar com o presidente e afirmar se essa é realmente a
vontade dele”.
A vaga em Washington
está disponível desde abril, quando o chanceler Ernesto Araújo
removeu o diplomata Sérgio Amaral do posto. O diplomata Nestor
Foster era considerado o favorito para substituí-lo.
Eduardo Bolsonaro fez
35 anos nesta quarta, dia em que a reforma da Previdência foi
aprovada no plenário da Câmara em primeiro turno. A nova idade é
fator decisivo, pois preenche um dos requisitos para assumir o cargo
de embaixador.
Após a indicação do
presidente, essa decisão precisa ser endossada pelo Senado, que
delibera sobre a questão em plenário. Eduardo Bolsonaro é
presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.”
Fonte: Correio
Braziliense
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