Greenwald, do site: The Intercept Brasil foi convidado para falar do Jornalismo atual no Brasil na Flipei (Feira Literária Pirata de Editoras Independentes), na já conhecida Feira Literária Internacional de Paraty, RJ – a FLIP, mas estava quase impossível ouvir a apresentação, pois os chamados "bolsominions", não querendo que a plateia tomasse conhecimento do debate, tumultuaram a apresentação dos convidados: Greenwald, Gregório Duvivier, o sociólogo Sergio Amadeu, e o escritor Alceu Castilho que falaram sobre a situação do Jornalismo atual no Brasil.
Eles, os "bolsominions", sem a mínima compostura soltaram fogos de artifício bem barulhentos, colocaram um caminhão do outro lado do rio Pereque Açu, em Paraty com um som ensurdecedor que tocava Hino Nacional misturado com o Funk. Um total desespeito, não apenas aos jornalistas e convidados, mas e principalmente à democracia, como pôde ser visto no vídeo e por um áudio gravado e enviado pelo whatsapp pelo professor Paulo Sergio Silva, que estava em Paraty.
Por Folhapress
“PARATY,
RJ (FOLHAPRESS) - O clima era de Fla Flu, com torcidas opostas, mas
também podia ser comparado de certo modo com o Réveillon de
Copacabana. Aglomerados na beira do rio, vários visitantes da Flipei
(Feira Literária Pirata das Editoras Independentes), casa parceira
da Flip, assistiam aos fogos lançados do outro lado da margem por
manifestantes contrários à presença do jornalista americano Glenn
Greenwald. Só que, em vez de aplaudir, os espectadores vaiavam.
Greenwald foi saudado com ares de herói por uma multidão nesta
sexta-feira (12), ao som de uma versão hardcore de "Bella
Ciao". Greenwald chegou de lancha ao barco no qual participaria
de um debate, como parte da programação da Flipei, casa parceira da
Flip, por volta das 19h. Eram convidados também do evento o
humorista Gregório Duvivier, o sociólogo Sergio Amadeu, e o
escritor Alceu Castilho.
"Não precisa ter medo do governo. A máscara de Sergio Moro
caiu para sempre", disse Glenn Greenwald, sob aplausos, logo no
começo da mesa "Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava
Jato", com a voz encoberta por uma versão remixada do hino
nacional tocada pelos protestantes.
"O Lula tá preso. Ele é bandido, ele tá preso",
gritava uma voz do outro lado do rio. "Você vai ser preso!".
Mesmo diante da pressão, Greenwald avisou que não pretende sair do
Brasil.
"Sou casado com um brasileiro que eu amo mais do que tudo. Nós temos dois filhos brasileiros que adotamos. Somos uma família completa, cheia de amor e felicidade, como todos podem ser, inclusive os jovens LGBT neste país.
Posso sair do país a qualquer momento, só que eu não estou fazendo isso, nem vou fazer. Porque 15 anos atrás eu me apaixonei pelo Brasil", disse.
"Sou casado com um brasileiro que eu amo mais do que tudo. Nós temos dois filhos brasileiros que adotamos. Somos uma família completa, cheia de amor e felicidade, como todos podem ser, inclusive os jovens LGBT neste país.
Posso sair do país a qualquer momento, só que eu não estou fazendo isso, nem vou fazer. Porque 15 anos atrás eu me apaixonei pelo Brasil", disse.
O jornalista mencionou, também, uma frase que seu marido, o deputado
David Miranda, teria dito antes de assumir o mandato. "Ele
disse: 'não vou me esconder, vou concorrer à casa onde os
milicianos que mataram Marielle Franco trabalham'. Isso é coragem".
"A próxima vítima do Moro vai ser o Glenn", interrompeu
um manifestante. Além das provocações, o grupo contrário à
presença de Greenwald também lançou fogos de artifício em direção
ao barco da Flipei. "Se eles estão apontando rojão pra gente,
a polícia do outro lado está deixando", opinou a socióloga
Sabrina Fernandes, que atuava como mediadora.
Greenwald aproveitou a ocasião para revelar em que pé estão os
trabalhos de apuração do The Intercept Brasil a respeito das
mensagens trocadas pelo ministro da Justiça Sergio Moro com
integrantes da Lava Jato, enquanto ainda era juiz.
"Estamos muito mais perto do começo do que do final. Temos
muito mais para revelar. Quando perceberam a importância do
material, todos os jornalistas do Brasil nos procuraram querendo
trabalhar com a gente como parceiros. Todos, menos um: a Globo.
Para os jornalistas da Globo, é um crime fazer jornalismo", avalia o americano.
Para os jornalistas da Globo, é um crime fazer jornalismo", avalia o americano.
"Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e
molhados, como já dizia Millôr Fernandes", completou Alceu
Castilho. "As pessoas do outro lado do rio querem desinformar.
Eles são quem usa o WhatsApp. A rede não distribui só democracia,
ela distribui mentiras. Ela concentra o poder, mas pode permitir que
a gente trave a nossa batalha. Não podemos mais ficar acomodados.
Temos que fazer da informação a nossa principal aliada", disse Sergio Amadeu.
Temos que fazer da informação a nossa principal aliada", disse Sergio Amadeu.
Ao ser perguntado por Sabrina sobre a indicação de Alexandre de
Moraes para o STF, Gregório Duvivier definiu o ministro como
"Voldemort do Supremo", em referência ao vilão das
histórias de Harry Potter.
Ele é a pior herança que o Temer poderia ter deixado. E, gente, o
povo do STF tem medo do povo ali de trás", disse, apontando
para os manifestantes na outra margem do rio. "Quem tem medo de
quem faz coreografia, gente? Se tem algo que não se pode dizer é
que o PT aparelhou a justiça. Ele indicou ministros péssimos para o
STF.
A Dilma sofreu um golpe e saiu. Ela podia ter conclamado o povo às ruas. Ela foi à ONU quando estava rolando o golpe e falou de mudança climática", opinou Duvivier.
A Dilma sofreu um golpe e saiu. Ela podia ter conclamado o povo às ruas. Ela foi à ONU quando estava rolando o golpe e falou de mudança climática", opinou Duvivier.
Depois de um período sem manifestações do grupo oposto, Greenwald
brincou: "É bom ver que eles ainda estão vivos e animados".
Em seguida, falou um mais sobre Sérgio Moro. "Todos nós
sabemos que esse juiz tirou o candidato que a maioria dos brasileiros
disse que queria como presidente. Eles o condenaram porque pensam que
seus gestos são todos justificados, que estão acima da lei. E ele
não só fez isso como também foi responsável, em 2016, pelo
impeachment da Dilma Roussef. E ele só conseguiu fazer isso porque
ninguém o estava investigando."
O espaço da Flipei, que abriga um barco ancorado e um ônibus
antigo, sobre o qual acontecem shows todas as noites, estava lotado.
A estimativa dos organizadores do evento é de que 3 mil pessoas
compareceram ao debate.
Sob aplausos constantes, Greenwald se declarou novamente durante suas
considerações finais. "Só com fascistas e racistas o
Bolsonaro conseguiu ter 15% dos votos. O país pelo qual me apaixonei
não é isso. Ele é feito de pessoas diferentes", disse. "Só
a democracia pode unir esse país."
"A gente não é anti porra nenhuma, a gente é pró uma
sociedade justa e democrática", arrematou, ovacionado,
Duvivier.”
Fonte: Política ao
minuto
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