“A ex-parlamentar relatou ter sido comunicada pelo Telegram de uma invasão em seu aplicativo, no dia 12 de maio”
Por Fernando
Molica e Leandro Resende
"Em
nota divulgada à imprensa, a ex-deputada Manuela
D’Ávila (PCdoB)
confirmou que passou o contato do jornalista Glenn
Greenwald,
do site The
Intercept Brasil,
a alguém que dizia ter “obtido provas de graves atos ilícitos
praticados por autoridades brasileiras”.
A ex-parlamentar relatou
ter sido comunicada pelo Telegram de uma invasão em seu aplicativo,
no dia 12 de maio. Depois, alguém entrou em contato, dizendo estar
no exterior, e com a intenção de divulgar o material coletado.
Manuela afirmou estar
sendo alvo de armadilha montada por seus adversários. “Por isso,
apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com
sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do
reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.”
Na nota, Manuela informa
que desconhece a identidade do invasor de seu celular. “Estou, por
isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega
das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à
Polícia Federal”, informou.
Vermelho
Em
depoimento à Polícia
Federal, Walter
Delgatti Neto —
conhecido como Vermelho,
um dos presos pela Operação
Spoofing —
detalhou como
conseguiu os
contatos de autoridades. Afirmou ter chegado a Glenn Greenwald
através de Manuela D’Ávila. O hacker disse também que não
editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las ao
Intercept. Afirmou acreditar que não é possível fazer a edição
das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo
aplicativo. O suspeito relatou ainda “que nunca recebeu
qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material
disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.
Procurado pela
reportagem, Greenwald não quis comentar o depoimento em que Delgatti
Neto citou o nome de Manuela – em 2018, ela foi candidata a
vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). O
jornalista afirmou que não daria informações que pudessem
identificar o intermediário sem que tivesse uma autorização
prévia.
Leia a íntegra da nota
de Manuela D’Ávila:
NOTA
À IMPRENSA
Tomando
ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na
investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e
por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início
do corrente ano, esclareço que:
1.
No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que,
naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da
Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo,
recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como
alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar
que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha
obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades
brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior,
afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do
país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou
vantagem de qualquer natureza.
- Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.
3.
Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e
desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no
esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando
os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das
mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal,
bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à
disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido
e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.”
Fonte: veja.com
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