quarta-feira, 4 de agosto de 2021

"Erro de diagnóstico"

à esquerda a deputada pelo partido de extrema-direita, 
alemã, Beatrix von Storch, neta de  um ministro nazista,
Bolsonaro e o marido dela

Por Lucas Rafael Chianello





“Com a notícia pública e notória dos encontros de Jair e Eduardo Bolsonaro com uma neta do ministro da fazenda nazista, lembrei-me de um debate no qual me envolvi nas redes sociais (o questionamento sobre a produtividade eletrônica do debate político não é o foco, agora).


Após as tais “jornadas de junho” de 2013, a não aceitação pela direita da vitória da Dilma em 2014 e o clima de comoção provocado pela farsa a jato, eu argumentava que o vazio provocado pelo discurso falso moralista da crise de representatividade política era um expediente nazista e que o Brasil presenciava um perigoso crescimento da extrema-direita.


Meu interlocutor, um anarquista convicto, dizia que era paranoia minha e que eu estava com “síndrome de Godwin”.


Trata-se de um conceito do advogado estadunidense Mike Godwin de que em algum momento, nesses debates “lacradores” de redes sociais, alguém compara, algo ou alguém, a Hitler ou ao nazismo, inclusive quando, para apelar, estiver à beira de “perder o debate”.


A ascensão da extrema-direita na Europa tem em sua base a reabilitação da memória de nazistas e seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial enquanto estátuas de generais do Exército Vermelho são derrubadas.


Em 2017, em Charlottesville, nos EUA, um manifestante defensor da supremacia branca berrou “Sou nazista, sim!” aos microfones da imprensa.


Semana passada, no Uruguai, o ministro da defesa Javier Garcia Duchini propôs a criação da indenização às “vítimas da guerrilha” sobre o período ditatorial que manteve o presidente Pepe Mujica preso por 12 anos.


Em meio a tudo isso, os Bolsonaro extremam seus laços com os herdeiros do nazismo.


As orientações socialistas, comunistas e anarquistas foram apagadas dentro da própria esquerda pela orientação democrática liberal dos últimos 20, 30 anos, período no qual inocentemente separamos liberais de nazi-fascistas, que são, na verdade, uma só face da moeda, pois na medida em que o liberalismo se aprofunda, a maneira de deixar fazer e deixar passar (laissez-faire, laissez passer) o desequilíbrio sócio-econômico é intervindo na economia para que ele seja naturalizado.


E ao intervir, a necessidade de justificativa ideológica vem de ideias extremistas que resultaram no fascismo italiano, no nazismo alemão, no salazarismo português, no franquismo espanhol, nas ditaduras militares do cone sul, etc.


Porém, como as próprias orientações socialistas, comunistas e anarquistas estavam dentro de um contexto de democracia liberal, a estratégia hegemônica da esquerda era ganhar do neoliberalismo por dentro dele e o 1º de abril de 1964 que durou 21 anos parecia estar cada vez mais esquecido nas tristes páginas de nossa história, quem estava “doente” era eu.


Antes fosse, caríssimo interlocutor anarquista.


Antes fosse.


PS: pouco antes do envio deste texto à redação, fomos noticiados pelo Intercept de que uma pesquisadora encontrou uma carta de Bolsonaro publicada em páginas neonazistas em 2004.


Síndrome de Godwin...”


Lucas Rafael Chianello



Lucas Rafael Chianello - É advogado fez Direito na PUC Minas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Poços de Caldas e é também Jornalista por saber notório, registrado no Ministério do Trabalho – MTB 14.838.

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