"Olá,
Cidadãos e Cidadãs de São Thomé,
"Estive
aqui na cidade entre os dias 24 e 27 de dezembro de 2015. Sou um dos
incontáveis anônimos que vem para esta cidade em busca de descanso,
encontros, lazer, transcendência, enfim qualquer coisa que
justifique o deslocamento de minha cidade de origem até aqui.
Estive
aqui com mais três integrantes de minha família, e ficamos
encantados com a cidade. Sua geografia é única, a amplitude de seus
horizontes é um convite à reflexão. Talvez devido ao misticismo
que envolve a região, todos aqui podem exercitar sua individualidade
sem se tornar o centro das atenções. E a característica geológica
da cidade, toda de pedra, torna a cidade uma joia rara, para
realmente ser visitada.
É
por isto que escrevo esta carta e esta mensagem, pois da mesma forma
que vi luz e energia positiva na cidade, há pontos de sombra que, se
não forem devidamente cuidados, podem ofuscar a beleza da cidade, ou
pior, torná-la comum.
O
que torna a vossa cidade incomum é a Natureza. Há pássaros, há
árvores, há plantas adaptadas para o terreno rochoso, há as pedras
belas e encantadoras. Há a geografia local que enleva e gera o
misticismo naqueles que aqui vem, porque não há como vislumbrar e
contemplar estas belezas sem que as perguntas fundamentais do ser
humano aflorem. E este é o desafio que percebi que deve ser o
desafio de todos os cidadãos e cidadãs daqui da região: conservar
e preservar esta combinação única.
Os
moradores daqui podem fazer um trabalho belíssimo em favor não
apenas da cidade única em que vivem, mas em prol do planeta que
habitamos, e que vive – e viverá – momentos desafiadores para
que a vida se mantenha. Nós, seres humanos, passaremos por desafios
ecológicos impensados devido à nossa imprudência, ganância, falta
de cuidado. Qualquer oportunidade que se tenha de reverter isto é
mais uma chance para que a vida no planeta se mantenha.
Confesso
que, ainda que maravilhado pelo que já contei, fiquei surpreendido
pela ausência de uma atenção maior à conscientização não
apenas daqueles que aqui estão, mas daqueles que vem e, horas ou
dias depois, partem para talvez nunca mais retornar. Há poucas
placas de aviso para a conservação local, e as que existem já se
confundem com o ambiente, tornando-se inócuas. Há poucas lixeiras
e aquelas que existem não fomentam a separação de lixo, algo
importante nos dias de hoje.
E
quanto ao lixo, este deve ser o inimigo público número 1 daqui. Em
vários lugares percebi copos, sacos e garrafas de plástico, guimbas
de cigarro, latas de alumínio, cacos de vidro. Cada um destes
resíduos leva mais de 300 anos para começar a se degradar, e se não
forem devidamente recolhidos, se embrenharão na natureza e tomarão
espaço que seriam de seres vivos.
Na
maravilhosa Igreja de Pedra, vi garrafas plásticas colocadas entre
os vãos das paredes da Igreja. Alguém colocou lá, mas ninguém
retirou. E se ninguém o fizer, lá ficarão, maculando a beleza do
monumento que certamente durará mais do que a existência humana, se
nós não mudarmos radicalmente nossa forma de relação com o
planeta.
Talvez
você leia ou escute o que escrevo e pense: “mas quem faz isto são
as pessoas de fora!”. Concordo com a afirmação. Mas é neste
momento que entra o fator que faz a diferença entre adultos e
crianças, entre pessoas maduras e imaturas: a Responsabilidade.
Responsabilidade
é a capacidade de responder ao que nos acontece. Não temos controle
sobre o que nos ocorre, mas temos controle sobre qual será a
resposta a ser dada ao que nos ocorre. Se a resposta ao desafio de se
conservar e manter a natureza for inação ou culpar os outros, todos
pereceremos.
Mas
se a resposta for encarar o desafio com responsabilidade madura, ou
seja, o que os habitantes do local podem fazer para contornar e
superar os desafios, apenas oportunidades surgirão.
E
a oportunidade que surge é elevar São Thomé das Letras a uma
cidade integrada à Natureza! E que esta integração seja tão
visível, que este cuidado com todos os seres seja tão palpável,
tão latente, que todos aqueles que aqui vierem saiam tocados e mais
conscientes de seu papel na conservação do planeta.
Então,
pergunto aos habitantes desta bela região: o que pode ser feito para
conservar a natureza da região? O que pode ser feito para que todos
aqueles que venham usufruir destes ares retornem para suas casas e
cidades mais conscientes e integrados com o planeta? O que pode ser
feito para que os jovens e as crianças, verdadeiros herdeiros do
planeta, saibam que precisarão ser muito mais atentos às relações
com os seres que o cercam que nós fomos todo este tempo?
E
o que estão esperando para que algo seja feito? Alguma notícia
comentando o que a cidade poderia fazer mas não faz? Que o Governo,
seja federal, estadual ou municipal, se mova? Que a escassez de
elementos naturais essenciais bata à porta, como já acontece em
várias cidades no mundo?
Sei
que pareço duro em meus comentários, principalmente de alguém que,
como tantos outros que aqui vieram, pode não mais retornar. Mas
minha transitoriedade aqui não significa que não deseje a
perenidade do local para os demais que aqui vierem. Pelo contrário,
quero que muitos outros aqui venham e saiam transformados, tocados
sobre a importância de se preservar nossos espaços naturais.
Nunca
sabemos como nossos atos, por menores que sejam, podem tocar e
transformar vidas. Por isto que decidi escrever esta carta. Quem sabe
se pode ser a fagulha que despertará nos cidadãos e cidadãs de São
Thomé das Letras a sua vocação de se tornar uma cidade plenamente
ecológica, para o bem de todos os seres."
Atenciosamente,
Mauricio Luz
Mauricio Luz
Mauricio Luz |
Ele é Administrador de Empresas - graduado pela UFRJ;
Mestrado em Administração de Empresas - pelo IBMEC
Coach - Integrante da Casa Anitcha (Coletivo do Bairro Grajaú- RJ)
Integrante licenciado da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do CRA RJ (Conselho de Administração do RJ)
Duas vezes vencedor do Prêmio "Belmiro Siqueira de Administração"
Mestrado em Administração de Empresas - pelo IBMEC
Coach - Integrante da Casa Anitcha (Coletivo do Bairro Grajaú- RJ)
Integrante licenciado da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do CRA RJ (Conselho de Administração do RJ)
Duas vezes vencedor do Prêmio "Belmiro Siqueira de Administração"