Reportagem: 18ª Caminhada de Mulheres Fé de São Thomé das Letras até Baependi

Foto: Carla Alfonsina

Por Carla Alfonsina D'Auria e Ana Lúcia Dias 

Todos os anos, há 18 anos, acontece essa Caminhada de Mulheres de Fé que vão a pé de São Thomé das Letras, até Baependi na Igreja da Nossa Sra da Conceição. A caminhada é organizada por Neide Marie, ocorre sempre no início de dezembro, em função de  8 de dezembro ser o dia da Nossa Sra da Conceição, da qual a Beata Nhá Chica era devota. 

Na realidade, essas mulheres vão agradecer a Nhá Chica o ano que tiveram.

Desta vez 67 mulheres, saíram com chuva forte da "Igreja da Nossa Sra do Rosário, que "era a Santa de devoção dos escravos, pretos e pardos na época do Brasil Colonial", conta a historiadora Carla Alfonsina.

Igreja de Nossa Sra do Rosário - imagem: participantes

A igreja de pedra, como é conhecida, foi construída por escravos, no século XVIII ou início do XIX, mas a "construção foi paralisada no século XIX, em função provavelmente do "Levante da Bela Cruz", que foi uma rebelião de escravos em São Thomé da Serra das Letras". E retomada na década de 1990" (Dados obtidos em apostila da historiadora Carla Alfonsina).

As Mulheres da Caminhada de Fé, saíram às 19h, depois da benção do padre Robson, em direção ao Johnny, um restaurante que fica no início da área Rural de São Thomé, no sentido Canta-Galo. 

Padre Robson, abençoando às Mulheres de Fé rumo à caminhada.

Eita mulheres corajosas!

Imagens fornecidas de mulheres participantes da Caminhada. 

"Desta vez chovia muito como ocorre nesta época do ano em São Thomé, só que desta vez com raios", mas nem assim houve desistência das 67 Mulheres de Fé para caminhar 50 km até Baependi e depois assistir uma missa na Igreja de Nossa Sra da Conceição.

Mas sempre de bom-humor e muito pique as mulheres de fé fazem sua caminhada.

 Na caminhada, já amanheceu e elas continuam a caminhar até chegar seu destino, para agradecer o ano bom que tiveram.  

Fonte: repórter em STL, OGM - Carla Alfonsina D'Auria

As mulheres levam alguns itens obrigatórios, como: lanternas, água, vão de tênis, que é um calçado mais seguro. Algumas delas levam canivetes para que, se for necessário, cortar alguma fruta e sempre levam também uma caixa de primeiros socorros. Geralmente, isso fica por conta da coordenadora da Caminhada há 18 anos, a Neide Marie, já sabe os perrengues que podem rolar. 

Fonte:  repórter em STL, OGM - Carla Alfonsina D'Auria

E também vão carros de apoio, geralmente de companheiros, que levam as bagagens, lanches, frutas e água fornecidos pelos supermercados da cidade. No caso de alguma mulher precisar descansar da caminhada, ou passar mal durante a mesma. Mas isso nunca aconteceu, graças a Deus!

Fonte:  repórter em STL, OGM - Carla Alfonsina D'Auria

"Choveu muito no início da caminhada com raios e muita lama", por ser a caminhada pela estrada de terra ou de chão como dizem os mineiros da roça. Mas mesmo assim as 67 mulheres saíram em direção à Baependi, na Igreja que ficou conhecida como a da Nhá Chica, em razão de ter sido ela quem construiu a primeira capela em homenagem a Nossa Sra da Conceição, de quem era devota.

Fonte: repórter em São Thomé, Carla Alfonsina D'Auria

De acordo com a nossa repórter e participante da Caminhada de Mulheres de Fé, "depois da chuva do início, parou a chuva ainda de noite e foi maravilhosa a nossa caminhada com a via láctea sobre nossas cabeças, um céu superestrelado", conta, Carla Alfonsina D'Auria.

As mulheres de Fé chegaram até Baependi, foram 50km de caminhada.

Mulheres chegaram na entrada de Baependi

Da entrada de Baependi tem ainda cinco km até a Igreja Nossa Sra da Conceição. Para se ter ideia, a igreja fica em um dos pontos mais altos da cidade. 

Fonte: Carla Alfonsina direto da Caminhada de Mulheres de Fé  

As mulheres de fé chegam a Igreja da "Beata Nhá Chica", na verdade, a Igreja da Nossa Sra da Conceição. A qual Nhá Chica foi a responsável pela primeira construção.   

A chegada das mulheres à igreja de Nossa Sra da Conceição. 

A estátua atrás é da Nhá Chica

Missão cumprida "chegaram sãs e salvas", em Baependi.

Após assistirem à missa às 10h. Às 12h30 a prefeitura de São Thomé enviou um ônibus para pegar as Mulheres de Fé, de volta pra casa!

À esq. Francisca Isabel Rosa e
à dir. Carla Alfonsina D'Auria

Carla Alfonsina D'Auria é historiadora (UFMG) com mestrado na Unicamp e escritora de livro que será lançado em breve.   Carla também é nossa repórter em São Thomé. As fotos e filmagens e entrevistas foram realizadas por ela. E os relatos também.   Agradecemos a participação de Neide Marie que por conhecer e coordenar a Caminhada há 18 anos pode contribuir com informações relevantes.