Os fatos sobre a fosfoetanolamina
Fosfoetanolamina
não é remédio
"A
Universidade de São Paulo (USP) foi envolvida, nos últimos meses,
na polêmica do uso de uma substância química, a fosfoetanolamina,
anunciada como cura para diversos tipos de cânceres. Por liminares
judiciais, a Universidade foi obrigada a fornecer o produto para os
que a solicitam. Em respeito aos doentes e seus familiares, a USP
esclarece:
Essa
substância não é remédio. Ela foi estudada na USP como um produto
químico e não existe demonstração cabal de que tenha ação
efetiva contra a doença: a USP não desenvolveu estudos sobre a ação
do produto nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados
em humanos. Não há registro e autorização de uso dessa substância
pela Anvisa e, portanto, ela não pode ser classificada como
medicamento, tanto que não tem bula.
Além
disso, não foi respeitada a exigência de que a entrega de
medicamentos deve ser sempre feita de acordo com prescrição
assinada por médico em pleno gozo de licença para a prática da
medicina. Cabe ao médico assumir a responsabilidade legal,
profissional e ética pela prescrição, pelo uso e efeitos
colaterais – que, nesse caso, ainda não são conhecidos de forma
conclusiva – e pelo acompanhamento do paciente.
Portanto,
não se trata de detalhe burocrático o produto não estar registrado
como remédio – ele não foi estudado para esse fim e não são
conhecidas as consequências de seu uso.
É
compreensível a angústia de pacientes e familiares acometidos de
doença grave. Nessas situações, não é incomum o recurso a
fórmulas mágicas, poções milagrosas ou abordagens inertes. Não
raro essas condutas podem ser deletérias, levando o interessado a
abandonar tratamentos que, de fato, podem ser efetivos ou trazer
algum alívio. Nessas condições, pacientes e seus familiares
aflitos se convertem em alvo fácil de exploradores oportunistas.
A
USP não é uma indústria química ou farmacêutica. Não tem
condições de produzir a substância em larga escala, para atender
às centenas de liminares judiciais que recebeu nas últimas semanas.
Mais ainda, a produção da substância em pauta, por ser artesanal,
não atende aos requisitos nacionais e internacionais para a
fabricação de medicamentos.
Por
fim, alertamos que a substância fosfoetanolamina está disponível
no mercado, produzida por indústrias químicas, e pode ser adquirida
em grandes quantidades pelas autoridades públicas. Não há, pois,
nenhuma justificativa para obrigar a USP a produzi-la sem garantia de
qualidade.
Os
mandados judiciais serão cumpridos, dentro da capacidade da
Universidade. Ao mesmo tempo, a USP está verificando o possível
envolvimento de docentes ou funcionários na difusão desse tipo de
informação incorreta. Estuda, ainda, a possibilidade de denunciar,
ao Ministério Público, os profissionais que estão se beneficiando
do desespero e da fragilidade das famílias e dos pacientes.
Nada
disso exclui, porém, que estudos clínicos suplementares possam ser
desenvolvidos no âmbito desta Universidade, essencialmente dedicada
à pesquisa e à ciência."
Fonte:
Redação da USP
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