"Eu
sou Ana Júllia, estudante secundarista do colégio estadual Senador
Alencar Manuel de Guimarães, tenho 16 anos e estou aqui para
conversar com vocês para falar sobre as ocupações".
Foi
assim que começou o longo depoimento da estudante na Assembleia
Legislativa do Paraná. O estado tem mais de 800 escolas ocupadas e
os secundaristas têm sido criticados por uma suposta "doutrinação".
Ana Júlia defendeu a legitimidade das ações dos estudantes e
rechaçou a ideia de que as ocupações sejam violentas. "De
quem é a escola? A quem a escola pertence? É um insulto a nós, que
estamos lá, nos dedicando, procurando motivação todos os dias,
sermos chamados de doutrinados. É um insulto aos estudantes, aos
professores", afirmou.
Da
tribuna, Ana Júlia afirmou que o projeto Escola Sem Partido
“humilha” os estudantes e a PEC 241 “é uma afronta” à
Constituição Cidadã de 88. "A gente sabe que a gente precisa
de uma reforma do Ensino Médio. Mas a gente precisa de uma reforma
que seja estudada. Que precisa ser feita com os profissionais da
educação".
Sobre
as acusações de violência, a estudante disse não ter visto o
rosto de nenhum dos deputados no enterro do menino Lucas Eduardo
Araújo Mota, morto após facadas no pescoço e no tórax na Escola
Estadual Santa Felicidade, que está ocupada. "Nós não estamos
lá por baderna, nós não estamos lá de brincadeira. Nós estamos
lá por um ideal. Estamos lá porque a gente acredita no futuro do
nosso País". Depoimento na íntegra da estudante Ana Julia
Eleições
Apesar
do prazo dado pelo Ministério da Educação (MEC) de desocupar as
escolas até o dia 31 para a realização do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), os estudantes do Paraná reuniram-se em assembleia e
decidiram que a decisão pela desocupação cabe a cada escola. Os
estudantes que participam do movimento Ocupa Paraná reuniram-se
nesta quarta-feira (26) em assembleia em Curitiba. Em comunicado,
informam que não há orientação para desocupação, mas que o
grupo de representantes das escolas deixou claro que os estudantes
não deixarão as escolas sem a garantia do atendimento das
reivindicações.
Os
estudantes pedem que os candidatos do Enem sejam realocados em outros
locais de prova, a exemplo do que foi feito pelo Tribunal Regional
Eleitoral do Paraná, que transferiu os eleitores que votariam em
escolas estaduais para outros locais.
Essa
foi a primeira vez que os estudantes de diversas ocupações do
estado se reuniram para debater os rumos do movimento. Ao todo, de
acordo com o Ocupa Paraná, participaram representantes de 600
ocupações. No estado, segundo o movimento, são mais de 800
escolas. O último balanço do governo estadual é de que 792 escolas
estão ocupadas. O estado concentra o maior número das mais de 1 mil
ocupações registradas em todo o país.
Fonte:
Huffpost Brasil
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