*Nota do Ministro do Meio
Ambiente sobre a fusão com o Ministério da Agricultura*
"O Ministério do Meio Ambiente preparou um detalhado e volumoso trabalho para dar plena ciência de tudo o que tem sido feito na pasta e daquilo que é de nossa responsabilidade à equipe de transição, com a qual pretendemos estabelecer um diálogo transparente e qualificado. Por isso, recebemos com surpresa e preocupação o anúncio da fusão com o Ministério da Agricultura.
Os
dois órgãos são de imensa relevância nacional e internacional e
têm agendas próprias, que se sobrepõem apenas em uma pequena
fração de suas competências. Exemplo claro disso é o fato de que
dos 2.782 processos de licenciamento tramitando atualmente no Ibama,
apenas 29 têm relação com a agricultura.
O
Brasil é o país mais megadiverso do mundo, tem a maior floresta
tropical e 12% da água doce do planeta, e tem toda a condição de
estar à frente da guinada global, mais sólida a cada dia, rumo a
uma economia sustentável. Protegemos nossas riquezas naturais, como
os biomas, a água e a biodiversidade, contra a exploração
criminosa e predatória, de forma a que possam continuar cumprindo
seu papel essencial para o desenvolvimento socioeconômico.
Nossa
carteira de ações abrange temas tão diferentes como combate ao
desmatamento e aos incêndios florestais, energias renováveis,
substâncias perigosas, licenciamento de setores que não têm
implicação com a atividade agropecuária, como o petrolífero,
homologação de modelos de veículos automotores e poluição do ar.
O Ministério do Meio Ambiente tem, portanto, interface com todas as
demais agendas públicas, mas suas ações extrapolam cada uma delas,
necessitando, por isso, de estrutura própria e fortalecida.
O
novo ministério que surgiria com a fusão do MMA e do MAPA teria
dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas
agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio,
diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países
importadores.
Além
disso, corre-se o risco de perdas no que tange a interlocução
internacional, que muitas vezes demanda participação no nível
ministerial. A sobrecarga do ministro com tantas e tão variadas
agendas ameaçaria o protagonismo da representação brasileira nos
fóruns decisórios globais.
Temos
uma grande responsabilidade com o futuro da humanidade. Fragilizar a
autoridade representada pelo Ministério do Meio Ambiente, no momento
em que a preocupação com a crise climática se intensifica, seria
temerário. O mundo, mais do que nunca, espera que o Brasil mantenha
sua liderança ambiental."
Edson
Duarte
Ministro
do Meio Ambiente
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