Presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo e o presidente Bolsonaro |
Por Estadão
"Em
resposta ao presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, a
Defensoria Pública da União (DPU) afirmou, nesta quarta-feira, 3,
que é "inaceitável a admissão de qualquer vinculação ou
preferência partidária" por parte da instituição, que tem
como fundamento prestar assistência jurídica integral e gratuita a
cidadão de baixa renda. A DPU também defendeu que a igualdade
racial não é uma pauta político-ideológica, e sim democrática e
humanitária.
Na
terça-feira, 2, matéria do Broadcast/Estadão revelou que Camargo
afirmou que a DPU é um órgão “totalmente aparelhado”. “Essa
miserável da DPU está com recurso no Superior Tribunal de Justiça
(STJ) para tentar me tirar daqui de novo. E o caso segue sub judice.
Totalmente aparelhado, totalmente de esquerda”, criticou o
dirigente em áudio ao qual a reportagem teve acesso.
Escolhido
pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro do ano passado, o
presidente da Fundação Palmares teve a nomeação suspensa pelo
Tribunal Regional da 5.ª Região após defender a extinção do
movimento negro e dizer, entre outras coisas, que o Brasil tem um
"racismo nutella".
Em
fevereiro, porém, o STJ acatou recurso da Advocacia-Geral da União
e ele pôde assumir o cargo. Organizações do movimento negro
acionaram, então, a DPU, que recorreu da decisão ao STJ,
protocolando ação civil pública contra a nomeação.
Em
nota, a DPU reforçou a "necessidade de reflexão constante a
respeito da situação da população negra no mundo e, sobretudo, no
Brasil". "A DPU entende que não há efetiva democracia sem
igualdade racial, cabendo à Instituição realizar a intransigente
defesa dessa pauta, que não é político-ideológica, mas
democrática e humanitária", diz o texto.
A
defensoria afirma, ainda, que "os 643 defensores públicos
federais que compõem a carreira passaram por rigoroso concurso
público para defender da primeira instância ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a população vulnerável, sobretudo aqueles que estão
abaixo da linha da miséria".
"Deve-se
esclarecer, por outro lado, que as defensoras e os defensores
públicos federais, assim como os membros do Ministério Público e
da Magistratura, têm a prerrogativa constitucional da independência
funcional em sua atividade fim (Art. 134, § 4º), não cabendo
nenhuma interferência na atuação jurídica dos membros, que devem
obediência à Constituição e às leis."
Sobre
os áudios divulgados, Camargo lamentou o que chamou de “gravação
ilegal” de uma reunião interna. Afirmou, ainda, que a Fundação
Palmares está em “sintonia” com o governo Bolsonaro e sob um
novo modelo de comando, voltado para a população.
“Infelizmente,
ainda existem, na gestão pública, pessoas que não assimilaram esta
mudança e tentam desconstruir o trabalho sério que está sendo
desenvolvido”, disse Camargo.”
Fonte:
Estadão
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