Coronel Carlos Alberto Ustra e algumas das vítimas dele |
Ele estava internado no Hospital Santa Helena, em Brasília, para o tratamento de um câncer. Militar comandou o DOI-Codi entre 1970 e 1974, período em que 40 presos morreram no local
Por Da
Redação da Veja
“O
coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o
Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações
de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo, entre 1970 e
1974 (ABr/VEJA)
Morreu
na madrugada desta quinta-feira o coronel reformado do Exército
Carlos Alberto Brilhante Ustra, aos 83 anos. Ele estava internado no
Hospital Santa Helena, em Brasília. De acordo com informações do
hospital, o militar fazia tratamento contra um câncer. Ustra
comandou o DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974, período em que
foram registrados 502 casos de tortura e 40 mortes de presos
políticos nos porões do local.
Seu
nome é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos
humanos no período. Apresentava-se com o codinome de “doutor
Tibiriçá”. Em 1987, entrou para a reserva, ao ter seu nome
preterido na promoção para general, e escreveu um livro, Rompendo
o Silêncio, no
qual percorre a história sobre o fio da navalha: não nega que havia
tortura nos porões, mas também não admite que havia. Desde então
vivia recluso e discreto com sua mulher, Maria Joseíta, e as duas
filhas numa confortável casa no Lago Norte, região de classe média
de Brasília.
Em depoimento à Comissão
da Verdade em 2013, Ustra afirmou que “lutou pela democracia” e
negou ter cometido crimes durante o regime militar. “Nunca fui
assassino”, disse. Durante sua fala, Ustra ainda acusou a
presidente Dilma Rousseff de ter integrado um grupo terrorista que
queria transformar o Brasil em um país comunista. “Todas as
organizações terroristas – que eram mais de quarenta – tinham,
claramente, o objetivo final de implementar a ditadura do
proletariado. Inclusive as quatro organizações das quais a nossa
presidente da República participou”.
O coronel foi o primeiro
torturador condenado civilmente pela Justiça brasileira, em 2008.
Quatro anos depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a
decisão que reconheceu Ustra como responsável pelas torturas contra
a família Teles. Em 1972 Maria Amélia Teles, o marido, Cesar Teles
e a irmã Crimeia foram presos e torturados no Doi-Codi. Os filhos do
casal também ficaram em poder dos militares.”
Fonte: Veja.com em
14/10/2015
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