© Nilton Fukuda/Estadão Manifestantes na sessão de instalação da CPI das Universidades na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
Por
Pedro
Venceslau
"Em
uma sessão tumultuada e marcada por bate-boca entre deputados e
pressão de manifestantes, o deputado Wellington Moura (PRB) foi
eleito nessa quarta-feira, 24, presidente CPI das Universidades na
Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Vice-líder
do governo na Casa, ele defende mudança na escolha dos nomes da
lista tríplice para reitor e critica o que chama de “aparelhamento”
da esquerda nas três universidades públicas paulistas: USP, Unesp e
Unicamp.
A
deputada Carla Morando, líder do PSDB, foi eleita vice presidente da
comissão. A CPI conta com 9 titulares, sendo apenas 3 de partidos de
oposição.
A
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ocorreu no
momento em que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) analisava
um pedido, feito pela deputada estadual Beth Sahão (PT), para
imediata suspensão de seus trabalhos, sob justificativa de que não
foram apresentadas razões legais para a sua criação. A liminar foi
indeferida pelo TJ.
A
polêmica começou após Moura defender, em entrevista ao Estado,
mudanças que afetariam a autonomia universitária. No início da
sessão, os deputados de oposição questionaram Moura sobre as
declarações e pediram que fosse apresentado um novo objeto para a
CPI.
Manifestantes
da UEE (União Estadual dos Estudantes), professores universitários
e militantes das juventudes do PCdoB e PT lotaram o auditório onde
ocorreu a sessão com faixas e cartazes. Eles interromperam a fala de
deputados e puxaram palavras de ordem contra a CPI, motivo pelo qual
foram ameaçados de expulsão por Moura. O deputado do PRB chegou a
convocar policiais civis e militares e disse que fecharia a sessão
seguinte para o público.
O
objeto divulgado no Diário Oficial é vago: "investigar
irregularidades na gestão das universidades públicas". Entre
as justificativas apresentadas oficialmente está o fato de as
universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e
Estadual de Campinas (Unicamp) receberem 9,57% da arrecadação do
ICMS do Estado. O valor atual está em torno de R$ 9 bilhões.
O
presidente da CPI disse que o objetivo da comissão é investigar os
gastos acima do teto e o que o Estado entrega de recursos para as
universidades. Mas após a sessão ele admitiu, em entrevista
coletiva, que outros temas podem ser inseridos.
“Cobrança
de mensalidade é uma coisa que está sendo discutida. O deputado
Daniel José (Novo) propôs e acredito que será discutido entre
todos os deputados da CPI e da Assembleia. Essa é uma proposta que
podemos apresentar aos reitores das universidades”, afirmou
Wellington Moura (PRB). Ele também voltou a defender a mudança na
forma de escolhas da lista tríplice para reitores.
“A
minha proposta é que a comunidade acadêmica apresente um nome e o
governador e os deputados os outros. Se der empate, o governador
escolhe”, disse o deputado.
A
deputada Maria Isabel (PT) rebateu o colega. “A CPI precisa ter uma
questão delimitada. Não pode ser usada para criar políticas de
funcionamento das universidades. Há um alinhamento com o governo
federal no sentido de culpar os professores universitários e retirar
liberdade de cátedra. E ao mesmo tempo caminhar na linha da
privatização”, afirmou.
Há
30 anos, em 1989, decreto do então governador Orestes Quércia
vinculou recursos do ICMS para USP, Unesp e Unicamp e a total
autonomia para geri-los. Além disso, a Constituição de 1988
garante a autonomia às universidades no País, o que significa ser
responsável por escolher dirigentes e colegiados, currículos,
programas, etc.
Desde
a autonomia, a USP aumentou em mais de 1.100% o indicador de produção
científica que se refere a publicações de trabalhos em revistas
conceituadas mundialmente. O número de alunos de graduação cresceu
50% e o de teses defendidas, 400%. Nos últimos anos, as três
universidades enfrentaram problemas financeiros e, em razão da
autonomia, não puderam pedir mais dinheiro ao Estado. E chegaram a
ter mais de 100% dos orçamentos comprometidos.”
Fonte:
Estadão de SP
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