Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos
Redação do Diário da Saúde
[Imagem: Susanne
Staubli/Kinderspital Zürich
Pneumonia bacteriana
"Por
mais que a pneumonia incomode
a humanidade há tanto tempo, a verdade é que a ciência ainda não
tem totalmente claro como essa doença respiratória se desenvolve.
Por
isso, até hoje a infecção é tratada com antibióticos. Por
exemplo, sabe-se que as bactérias Mycoplasma são
uma das causas mais comuns de pneumonia bacteriana em crianças.
Mas
esta não parece ser a história completa.
Pesquisadores
da Universidade de Zurique (Suíça) acabam de descobrir que existem
células imunológicas específicas - as chamadas células B - que
são cruciais para que um paciente se recupere da infecção.
Diferentemente da hipótese mais aceita pelos cientistas até agora,
de que o tratamento consiste em destruir as bactérias por meio de
antibióticos, o que ocorre é que são os anticorpos produzidos por
essas células B que eliminam o micoplasma nos pulmões - basta ver
que as bactérias persistem no trato respiratório superior, onde
esses anticorpos não atuam, afirmam Patrick Meyer Sauteur e seus
colegas.
"Este
dado é a primeira prova de que a resposta de anticorpos é crucial
para limpar as infecções pulmonares causadas pelo micoplasma,"
afirmou o pesquisador.
Vacina
para pneumonia
Essa
descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para
a pneumonia.
Se
a infecção é combatida e debelada por células imunes do próprio
corpo, pode ser possível desenvolver vacinas específicas que
provoquem respostas de anticorpos para proteger da infecção tão
logo as bactérias apareçam.
"Nosso
trabalho abre o caminho para o desenvolvimento de vacinas contra o
micoplasma. Os grupos-alvo para tais vacinas incluirão crianças
pequenas sem alternativas de tratamento como resultado da resistência
emergente a antibióticos contra o micoplasma em certos países,"
disse Sauteur.
Sistema
imunológico contra bactérias
A
equipe suíça cultivou a bactéria micoplasma com um corante
fluorescente, o que permitiu, pela primeira vez, acompanhar
visualmente o patógeno no pulmão e no trato respiratório superior
durante uma infecção.
O
que se verificou é que há diferenças significativas entre o pulmão
e o trato respiratório superior na resposta imune após a infecção.
Os anticorpos IgM e IgG apareceram em número significativamente
maior no pulmão, onde há ainda um aumento e ativação das células
B em linfonodos locais - por isso os patógenos puderam ser
eliminados dentro de algumas semanas.
Por
outro lado, no trato respiratório superior o que se detectou foram
os anticorpos IgA, que não ativaram as células B, o que resultou na
persistência observada da infecção bacteriana neste local.
Experimentos
realizados com camundongos geneticamente modificados para não
apresentarem as células B comprovaram que, quando esses animais
recebiam uma injeção dessas células imunes, a bactéria era
efetivamente eliminada do pulmão, mas não do trato respiratório
superior.
A
equipe agora pretende iniciar os primeiros experimentos para o
desenvolvimento de uma vacina contra a pneumonia.“
Fonte: Diário da Saúde
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