"Escape das Trevas da Mera Existência"

Escape das Trevas da Mera Existência

Tão longe quanto podemos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz nas trevas da mera existência. 

Carl Jung

Um velho ranzinza, avarento e profundamente egoísta, trata mal a todos aqueles próximos a ele. Considerado incorrigível, é detestado por todos que o conhecem. Até que, em uma noite de Natal, o velho rabugento sofre uma transformação profunda ao ser visitado pelos espíritos dos Natais passados, presente e futuros. E o velho rabugento torna-se, da noite para o dia, uma pessoa agradável e generosa, que ganha a estima e admiração de todos.

Provavelmente o autor inglês Charles Dickens é menos conhecido que o enredo desta fantástica criação literária. A história “Um Conto de Natal”, lançada em 1843, tornou-se mundialmente conhecida, e o nome do personagem principal - ‘Scrooge’ - virou sinônimo de ‘avarento’ na língua inglesa. Muito provavelmente nós já assistimos, ou assistiremos, a uma das dezenas de adaptações para teatro, cinema, televisão ou outras mídias, e que tornou a história tão conhecida.

Na história de Dickens, o personagem principal tem uma visão de seu futuro e como seria lembrado pela sociedade, e esta visão é a gota d ' água para sua transformação em uma pessoa generosa. É uma questão interessante o que o autor coloca: se nós soubéssemos como seremos lembrados por aqueles à nossa volta, faríamos as mesmas ações que fizemos no decorrer de nossas vidas?

Em 1888, um extremamente bem-sucedido industrial sueco abre um jornal e depara-se com o seu obituário. Sim, o jornal francês que o industrial estava lendo havia cometido uma “barriga”, um erro jornalístico. Confundindo o empresário com o seu irmão, o jornal publicou o obituário da pessoa errada. E o jornal foi implacável com o empresário, chamando-o de “mercador da morte” devido a uma de suas invenções - a dinamite.

Chocado com o que leu, o empresário refletiu e decidiu que não gostaria de ser reconhecido daquela forma após a sua morte. Decidiu então doar a maior parte de sua fortuna para premiar pessoas que se destacassem em diversas áreas do conhecimento humano, mas principalmente, para pessoas que agissem pelo bem da Humanidade. Desta forma, Alfred Nobel conseguiu que o seu nome fosse eternamente lembrado de uma maneira positiva e inspiradora.

Seja na realidade ou na ficção, nem todos nós temos a bênção de saber como seremos lembrados nas gerações futuras. Mas podemos, efetivamente, agir para que nossa passagem por este mundo seja motivo de sentimentos de inspiração e saudade, e não de indiferença e esquecimento.

O que nos leva a outra pergunta, que salta quando lemos a ficção de Dickens ou a história verídica de Alfred Nobel: o que nos motiva a realizar as ações que tomamos? Esta não é uma pergunta fácil de se responder, e que já rendeu milhares de páginas de estudos e reflexões.

Mas o que importa é que nós, seres humanos, tomamos decisões e agimos motivados por um significado maior que a mera execução da tarefa em si. Por mais automática que pareçam nossas decisões e ações, ainda assim brilha em nós a chama do significado, que se torna uma labareda de grandes proporções quando este significado é plenamente abraçado e aplicado.

Quando tomamos consciência do impacto de nossas ações em nossas próprias vidas - e nas vidas de quem nos cerca - é que acendemos a luz que brilha nas trevas da mera existência. É pelo poder positivo que nossas ações podem ter que alcançamos a luz que gera inspiração e motivação para que outros sigam nossos passos.

E assim travamos contato com aquilo que efetivamente move o ser humano além da mera existência: o propósito.

 

Maurício Luz

Maurício Luz escreve a Coluna "Frases em Nosso Tempo" aos sábados para O Guardião da Montanha.

Ele é carioca e ganhou prêmios:

1º Belmiro Siqueira de Administração – em 1996, na categoria monografia, com o tema “O Cliente em Primeiro Lugar”. 

E o 2ºBelmiro Siqueira em 2008, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Desafios e Oportunidades Para a Ciência da Administração”..

Ex-integrante da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Conselho de Administração RJ. 

Com experiência em empresas como SmithKline Beecham (atual Glaxo SmithKline), Lojas Americanas e Petrobras Distribuidora, ocupando cargos de liderança de equipes voltadas ao atendimento ao cliente.

Maurício Luz é empresário, palestrante e Professor. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997). 

Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec (2005). Formação em Liderança por Condor Blanco Internacional (2012). 

Formação em Coach pela IFICCoach (2018). Certificado como Conscious Business Change Agent pelo Conscious Business Innerprise (2019). 

Atualmente em processo de certificação em consultor de Negócios Conscientes por Conscious Business Journey.