segunda-feira, 7 de junho de 2021

"Serrana dá o recado: mais gente vacinada, menos casos e mortes por covid-19"

 

Por Mônica Tarantino

"Quanto mais gente vacinada, maior será a redução no número de novos casos de infecção por SARS-CoV-2 e de vidas ceifadas pela covid-19. É o que apontam os dados ainda preliminares do estudo que avalia o impacto da vacinação em massa em Serrana, cidade a 315 km da capital São Paulo cuja população é de cerca de 45.644 mil habitantes. O propósito do Projeto S, como é chamado o estudo, é identificar a efetividade da vacinação em massa na redução do número de novos casos e óbitos, ou seja, no controle da pandemia, bem como registrar reações adversas à vacina CoronaVac.

De acordo com os pesquisadores do Instituto Butantan, que coordenou a pesquisa feita em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, a vacinação de 95,7% da população adulta (27.160 mil pessoas) da cidade reduziu em 86% as internações por covid-19 e em 80% os casos sintomáticos de infecção pelo SARS-CoV-2, além de promover uma derrocada de 95% nos óbitos.

As informações foram anunciadas em entrevista coletiva na segunda-feira (31), com a presença do governador de São Paulo, pesquisadores e médicos convidados. Um dia antes da coletiva, dados preliminares foram exibidos pelo programa Fantástico e comentados pelos pesquisadores.

Entre a primeira e a segunda doses da vacina, a cidade registrou 28 hospitalizações e duas mortes na faixa etária entre 18 e 59 anos e 15 internações e 5 óbitos na faixa acima dos 60 anos. Nos 14 dias seguintes após a segunda dose, foram três internações de pessoas com idades entre 18 e 59 anos e nenhuma morte. Já na faixa acima dos 60 anos, foram duas internações e uma morte. Mais de 14 dias depois da segunda dose, houve apenas duas internações na faixa de 18 a 59 anos. Nenhum idoso precisou ser hospitalizado.

Mais uma conclusão do estudo destacada pela equipe de pesquisadores foi a baixa incidência de efeitos colaterais. Segundo os dados divulgados, houve 4,4% de relatos de reações adversas com a primeira dose, sendo que apenas 0,02% foram considerados graves (grau 3, como mialgia e cefaleia) porque interferiram em atividades cotidianas. Na segunda dose, foram 0,2% de relatos de reações adversas, mas nenhum foi considerado grave.

O desfecho mais relevante para os pesquisadores, no entanto, foi a proteção geral oferecida pelas vacinas, o que inclui pessoas vacinadas e não vacinadas.

“Quando comparamos os grupos de vacinados e não vacinados, vimos um pico de pessoas não imunizadas com covid-19 aguda, que era uma contraindicação relativa da vacina. Depois, começamos a ver uma queda do número de casos também entre os não vacinados. Isso evidenciou a imunidade indireta, como prefiro chamar em vez de imunidade de rebanho”, disse o Dr. Ricardo Palácios, médico e diretor de pesquisa clínica do Instituto Butantan.

“Por isso, tomar a vacinar é algo que a pessoa não faz por si, mas faz também pelo outro”, disse ele em entrevista ao Medscape logo após a coletiva.

O Dr. Palácios apresentou mais subsídios para compreender a extensão do efeito indireto. “Quando vacinamos 75% dos adultos – o equivalente a 40% da população de Serrana – o efeito da vacinação se deu uma semana antes, ou seja, mesmo antes de completarmos a segunda dose houve benefício para os outros grupos vacinais. A diminuição da transmissibilidade do vírus beneficia até aqueles que não cumpriram a vacinação”, disse ele."

Fonte: Medscape Notícias Médicas © 2021

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