Jair Bolsonaro (PL) |
Jantar
A visita de Burns ocorreu seis meses após o ataque de militantes de extrema-direita ao Capitólio norte-americano. A mensagem foi reforçada um mês depois, quando o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan revelou o descontentamento do governo de Joe Biden com os ataques à lisura das eleições. Segundo as fontes da matéria, entretanto, a posição do diretor da CIA teria sido mais enfática, sem detalhar o que isso significa.
Em Brasília, Burns teria se encontrado primeiro com Bolsonaro, com o general Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e com o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, no Palácio do Planalto. Em outra oportunidade, na residência do embaixador dos EUA no país, o diretor da CIA esteve com Heleno e com o ministro-chefe de Gabinete da Presidência da República à época, Luiz Eduardo Ramos.
Segundo a Reuters, no jantar, Heleno e Ramos tentaram descartar o significado das repetidas alegações de Bolsonaro de fraude eleitoral. Uma fonte da agência disse que a resposta de Burns foi que “o processo democrático era sagrado e que Bolsonaro não deveria estar falando dessa maneira”.
— Burns estava deixando claro que as eleições não eram um assunto com o qual eles deveriam mexer. Não foi uma palestra, foi uma conversa — revelou a fonte.
Confiança
No mês seguinte aos encontros, diz a Reuters, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, externou a Bolsonaro preocupações semelhantes sobre minar a confiança nas eleições. Os conselhos de Burns dados ao governo brasileiro, no entanto, não foram seguidos por Bolsonaro, que manteve os ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro ao alegar que é suscetível a fraudes.
Recentemente, o presidente voltou a flertar com o golpismo e afirmou que, neste ano, ‘com certeza’ irá implementar ‘a contagem de votos’ no Brasil. A campanha de Bolsonaro contra as eleições ganhou novos capítulos após as Forças Armadas enviarem 88 questionamentos ao TSE sobre supostas fragilidades que, na visão dos militares, podem expor a vulnerabilidade do processo.
A maioria das perguntas tem como pano de fundo argumentos usados pelo presidente para descredibilizar a Justiça Eleitoral e a votação. Um deles diz respeito à existência de uma sala secreta para apuração de votos. Na pergunta, o general indaga sobre a possibilidade de uma contagem paralela feita pelas Forças Armadas, conforme sugeriu Bolsonaro.
Entre os demais ofícios enviados ao TSE também constam dúvidas sobre os testes de integridade das urnas eletrônicas e sobre o nível de confiança no sistema de voto e apuração. Os militares também perguntaram se o pleito poderá ser decidido por um número menor de votos do que os habitualmente registrados em eleições anteriores, caso parte das urnas eletrônicas deixem de funcionar.
Nem o Planalto ou a CIA responderam, prontamente, aos pedidos de comentário feitos pela Reuters. O Departamento de Estado dos EUA apenas afirmou que “é importante que os brasileiros tenham confiança eu seu sistema eleitoral”."
Fonte: Correio do Brasil
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