"A Polícia Federal teve acesso a documentos encontrados na residência de um casal suspeito de comandar uma das mais secretas e rentáveis “centrais bancárias clandestinas” do país. A documentação foi apreendida em 2007 e indica a existência de uma conta secreta da família de Aécio Neves em Liechtenstein, país pequeno entre a Austria e Suiça, nos Alpes.
A
reportagem da revista Época conta que Norbert Muller e sua esposa,
Christine Puschmann, ofereciam aos clientes serviços sigilosos de
criação e manutenção de contas bancárias no LGT Bank, sediado no
principado de Liechtenstein, considerado o mais fechado de todos os
paraísos fiscais do mundo.
A
PF encontrou, na casa dos suspeitos, pastas separadas para cada um
dos 75 clientes do casal. A publicação esclarece que em cada pasta
apreendida havia extratos bancários de contas, procurações, cópias
de passaporte do cliente, contratos, correspondências de Muller com
o banco LGT, anotações de valores.
A
revista Época teve acesso aos documentos apreendidos e revela que
foi encontrada uma pasta-arquivo amarela, identificada pela PF com o
número 41. Nela, o doleiro Muller escrevera, a lápis, a
identificação “Bogart e Taylor”. Segundo a publicação este
era o nome escolhido por Inês Maria Neves Faria, mãe e sócia do
senador Aécio Neves, do PSDB de Minas.
Delcídio
falou sobre a conta em delação
A
reportagem destaca que o senador Delcídio do Amaral citou durante os
depoimentos de delação premiada, que foi homologada pelo Supremo
Tribunal Federal, a existência da conta em Liechtenstein. O senador
contou aos procuradores que fora informado "pelo ex-deputado
federal José Janene, morto em 2010, que Aécio era beneficiário de
uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono
ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em
Liechtenstein".
Delcídio
revelou que não sabia ao certo, mas que "parece que a fundação
estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves; que essa
operação teria sido estruturada por um doleiro do Rio de Janeiro".
O senador também admitiu que não sabia se havia relação entre
essa fundação e as acusações que fez ao tucano, como por exemplo
a de ser beneficiário de propinas em Furnas e de ter agido para
interferir nas investigações da CPI dos Correios, da qual o petista
foi presidente, em 2006.
A
investigão está apurando a participação de Aécio nos esquemas
citados por delatores, em especial o de Furnas. Os procuradores
pediram colaboração internacional, junto às autoridades de
paraísos fiscais, para averiguar se contas como a associada ao
senador em Liechtenstein foram usadas para o recebimento de propinas.
A
publicação revela ainda que Aécio tinha assumido a Presidência da
Câmara dos Deputados quando a conta em Liechtenstein foi aberta. Os
documentos apreendidos pela PF indicam que a conta poderia ser
movimentada por Inês Maria e por Andréa Neves, irmã de Aécio. No
entanto, Aécio não estava autorizado a movimentar a conta da
fundação no banco LGT, mas era seu beneficiário, de acordo com um
documento apreendido pela PF
Aécio,
a mãe e a irmã são sócios em diversos outros empreendimentos,
entre eles uma rádio e duas empresas de participação, segundo
documentos da Junta Comercial de Minas Gerais.
Resposta
A
Época tentou entrar em contato com Aécio e Inês Maria, mas eles
não quiseram dar entrevista. A defesa da família Neves confirmou
que os documentos apreendidos são verdadeiros e que Inês Maria
pretendia criar a fundação Bogart & Taylor em Liechtenstein
para destinar recursos à educação de seus netos. No entanto, os
advogados afirmam que a conta secreta no LGT foi aberta “sem
conhecimento” da família.
Em
nota, a defesa da família Neves afirma: “Em 2001, assessorada pelo
seu marido, o banqueiro Gilberto Faria, a Sra. Ines Maria pensou em
criar uma fundação no exterior para prover os estudos dos netos.
Foram feitos contatos com o representante de uma instituição
financeira, no Brasil, e a Sra. Ines Maria encaminhou ao
representante as primeiras documentações. Em função da doença de
seu marido (Gilberto Faria morreria em outubro de 2008), os
procedimentos foram interrompidos, e a fundação não chegou a ser
integralmente constituída. A Sra. Ines Maria nunca assinou qualquer
documento autorizando a abertura de conta bancária e nunca realizou
remessa financeira para a mesma”.
Ainda
segundo a publicação, os papéis contradizem a versão de que a
conta foi aberta "sem conhecimento da família" de Aécio e
que permaneceu aberta "à revelia" dela. Isso porque a
pasta amarela continha toda a documentação necessária para abrir
a conta, incluindo cópia do passaporte de Inês Maria, assinaturas
dela nos contratos com o LGT e procurações a Muller.
Investigação
A
PF confirmou que nem Inês Maria, nem Andréa, nem Aécio declararam
a existência da conta e da fundação Bogart & Taylor à Receita
Federal ou ao Banco Central, como determina a lei.
A
reportagem explica que, em tese, eles cometeram os crimes de evasão
de divisas, ocultação de patrimônio e sonegação fiscal.
Fonte: noticias ao minuto
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