Abbas, à direita, assinou um decreto na sexta-feira convocando as eleições, as primeiras desde 2006 |
Um decreto foi emitido na sexta-feira (15/01) convocando tanto um pleito legislativo quanto presidencial, que serão realizados em 22 de maio e 31 de julho, respectivamente. Além disso, outra votação ocorrerá em 31 de agosto para o Conselho Nacional Palestino, um órgão da Organização de Libertação da Palestina (OLP), que inclui expatriados.
Esta é a primeira vez que a população palestina é convocada a votar desde as eleições presidenciais de 2005 e as legislativas de 2006. A eleição prevê a participação de moradores da Cisjordânia, da Faixa de Gaza – sob controle de fato do movimento Hamas – e Jerusalém Oriental – que foi anexada por Israel após a Guerra dos Seis Dias em 1967, mas é considerada território ocupado.
A Autoridade Nacional Palestina "lançará um processo eleitoral democrático em todas as cidades da pátria", afirma o decreto presidencial, referindo-se aos três territórios.
Abbas assinou o texto durante uma reunião em Ramallah com o chefe da Comissão Central Eleitoral, Hana Nasser. Isso só foi possível depois que o partido nacionalista Fatah, liderado por Abbas, e o movimento islâmico Hamas, que governa de fato em Gaza, chegaram a um acordo no início do mês para a convocação de eleições.
As duas legendas – cuja divisão foi um dos elementos que impediram o retorno dos palestinos às urnas nos últimos anos – se comprometeram a deixar para trás as diferenças que alimentaram por mais de uma década.
O Hamas celebrou agora a convocação das novas eleições. "Trabalhamos nos últimos meses para resolver todos os obstáculos para que pudéssemos chegar a este dia e mostramos muita flexibilidade", disse em comunicado. "[Esperamos] eleições livres nas quais os eleitores possam se expressar sem pressão e sem restrições, com toda a justiça e transparência."
O que aconteceu depois da eleição anterior?
Abbas foi eleito presidente em 2005 com mais de 60% dos votos. No ano seguinte, as eleições legislativas tiveram o Hamas como maior vencedor.
O pleito acabou ampliando uma cisão política interna que levou à tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas em 2007. O movimento islâmico passou anos construindo seu próprio governo em Gaza, incluindo a contratação de funcionários públicos para substituir os leais a Abbas, e se recusou a abrir mão de seu arsenal de foguetes e outras armas.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por vários governos ocidentais, incluindo o vizinho Israel. Já o movimento descreve o país como um inimigo jurado. Abbas, por sua vez, é a favor de uma solução de dois Estados com Israel, medida que conta com apoio internacional.
Abbas reeleito?
Ainda não houve qualquer indicação de que Abbas, de 85, vai concorrer à reeleição. Mas um levantamento conduzido em dezembro pelo Centro Palestino de Políticas e Pesquisas apontou que ele pode vir a perder o poder.
A pesquisa com 1.270 palestinos na Cisjordânia e em Gaza mostrou o Fatah com 38% dos votos e o Hamas com 34%. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, obteve 50% de apoio, o que o coloca à frente dos 43% de Abbas em uma possível corrida presidencial. A margem de erro é de 3%.
Independentemente do resultado da eleição, os novos líderes da Autoridade Nacional Palestina provavelmente precisarão continuar coordenando com Israel as questões de segurança e economia."
EK/afp/dpa/efe/rtr
Fonte: DW
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