O presidente Michel Temer participa do anúncio do Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira (Foto: Beto Barata/PR |
Por
Mariana Oliveira, TV Globo, Brasília
"Alíquota ficará mais alta para exploração de ouro e diamante e menor para minerais usados na construção civil."
"O
governo anunciou ontem, terça-feira (25) mudanças nas regras do
setor de mineração. Entre as medidas estão a criação de uma
agência reguladora e alterações nas alíquotas da Compensação
Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o royalty cobrado das
empresas que atuam no setor.
De
acordo com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a
expectativa é que as mudanças na cobrança da Cfem ampliem
a arrecadação do governo com essa contribuição em cerca de 80%.
Em 2016, ela totalizou cerca de R$ 1,6 bilhão.
A
receita maior virá principalmente porque o governo passará a cobrar
os royalties sobre a receita bruta e não mais do faturamento líquido
das empresas. No faturamento líquido, as empresas descontam os
custos com transporte e logística, o que reduz o valor a ser pago.
A
nova cobrança, no entanto, só valerá a partir de novembro porque o
governo não quer impactar o planejamento financeiro das empresas.
O
aumento das alíquotas dos royalties para o setor mineral ocorre num
momento em que o governo enfrenta arrecadação abaixo da esperada,
devido à crise econômica, e dificuldade para fechar suas contas.
Medidas
provisórias
As
mudanças nas regras para o setor mineral serão feitas por meio de
três medidas provisórias que serão enviadas pelo governo ao
Congresso. Elas começam a valer imediatamente, mas depois precisam
ser aprovadas pelos parlamentares ou perdem a validade.
A
assinatura das MPs aconteceu em cerimônia no Palácio do Planalto em
que participaram o presidente Michel Temer, o ministro de Minas e
Energia, Fernando Coelho Filho, e o secretário de Geologia,
Mineração e Transformação Mineral da pasta, Vicente Lôbo.
Coelho
Filho informou na cerimônia que, com as mudanças, o governo espera
ampliar de 4% para 6% a participação do setor de mineração no
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Temer
afirmou que as medidas modernizam a lei e instituições do setor
mineral e que ajudarão a atrair investimentos e criar empregos no
país.
"Há
mais de 20 anos não havia mudança legislativa dessa magnitude para
a mineração no Brasil", disse o presidente.
Royalties
A
principal mudança está na forma de cobrança dos royalties. Hoje, o
cálculo do valor devido de royalty é feito com base no faturamento
líquido da empresa. A MP prevê que, agora, a cobrança será feita
com base na receita bruta da venda do minério.
Além
disso, o governo anunciou mudança nas alíquotas dos royalties
cobradas de algumas áreas do setor mineral. Elas começam a valer a
partir de novembro.
- Nióbio: aumenta de 2% para 3%;
- Ouro: sobe de 1% para 2%;
- Diamante: passa de 2% para 3%;
- Minerais de uso imediato na construção civil: cai de 2% para 1,5%;
- Minério de ferro: a MP prevê que a alíquota vai variar conforme o preço no mercado internacional, até o limite de 4%;
Temer
afirmou que "o ajustamento dos royaties aumentará a
contrapartida da mineração para a sociedade e dará previsibilidade
para as mineradoras."
Segundo
o Ministério de Minas e Energia, a partilha dos royalties entre os
entes federativos não muda. Assim, a União fica com 12%, estados
com 23% e, municípios, com 65%.
O
ministro de Minas e Energia disse que, apesar da mudança na cobrança
da Cfem elevar o valor a ser pago pelas empresas, dará mais
segurança jurídica à cobrança.
De
acordo com ele, o sistema atual de cobrança, sobre a receita
líquida, gera muitos questionamentos na Justiça.
O
secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral,
Vicente Lôbo, disse que não há mudança na maior parte das
alíquotas cobradas.
No
caso do minério de ferro, o governo vai propor um escalonamento da
alíquota. A mudança será feita por uma portaria:
- Manter a alíquota da Cfem em 2% quando o preço do minério estiver abaixo de US$ 60 a tonelada;
- Subir a alíquota para 2,5% quando o preço estiver entre US$ 60 e US$ 70;
- Aumentar para 3% quando o preço estiver entre US$ 70 e US$ 80;
- Elevar para 3,5% quando preço estiver entre US$ 80 e US$ 100;
- Chegar a 4% quando o preço ultrapassar US$ 100 por tonelada;
Agência reguladora
O
governo informou que a Agência
Nacional de Mineração (ANM) assumirá
as funções que hoje são do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM). O governo argumenta que a agência vai agilizar as
decisões que orientam o mercado de mineração, o que reduz riscos e
incertezas.
A
mesma MP cria a Taxa
de Fiscalização de Atividades Minerais,
que vai financiar as atividades da agência. A cobrança será anual
e vai variar de R$ 500 a R$ 5 mil, a depender da fase que está o
empreendimento de mineração.
Código de Mineração
O
Código de Mineração será alterado em 23 pontos. Entre as mudanças
está o aumento do teto da multa por infrações, que passa de R$ 2,5
mil para R$ 30 milhões.
Outra
mudança é a ampliação
do prazo para a realização de pesquisa de viabilidade econômica de
áreas de exploração mineral. O prazo, que hoje varia de um a três
anos, passará para entre dois a quatro anos, sendo possível
prorrogá-lo uma única vez.
Entretanto,
caso haja algum impedimento de acesso à área ou não se obtenha
licença ambiental, o prazo de estudo poderá ser prorrogado
sucessivas vezes.
O novo código prevê que
a recuperação
de áreas ambientalmente degradadas é
de responsabilidade do minerador. Ele também será o responsável
por executar o plano de fechamento de minas.
"O código era
defasado com relação ao isso", afirmou o secretário de
mineração, que destacou que assim o governo vai receber a área
recuperada após o período de exploração.
Governo Dilma
Em junho de 2013, a então
presidente Dilma
Rousseff enviou ao Congresso um projeto que alterava as regras do
setor,
mas a proposta não seguiu em frente.
O marco regulatório
proposto à época alterava as alíquotas da Compensação Financeira
pela Exploração Mineral (Cfem), os royalties da mineração.
O projeto também
transformava o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) na
Agência Nacional de Mineração e mudava as regras de concessão e
de exploração das minas."
Fonte:
G1.com.br
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