sábado, 11 de junho de 2022

"A Pena de Maat"

“A boca fala o que o coração está cheio.”.

Jesus Cristo


Ele inicia o seu trabalho antes mesmo de sairmos do útero de nossas mães. Após o nosso nascimento, efetua em média entre 100 a 104 mil batidas diariamente, o que significa cerca de 34 a 38 milhões de pulsações em um ano. Multiplique por sua idade e saberá o quanto a vida pulsou em você até o momento.

Coração. Músculo que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana. Possui em média o tamanho do pulso fechado, pesando entre 250 e 400 gramas. Pulso a pulso, bombeia o equivalente a 7,5 mil litros de sangue por dia. Possui um sistema elétrico próprio, o que o permite continuar pulsando fora do corpo, e o motivo pelo qual continua trabalhando mesmo após a morte cerebral. 

Além do sistema elétrico independente, nosso coração possui 40 mil neurônios. Apesar da quantidade muito menor de neurônios do que no cérebro (86 bilhões), o coração gera um impulso elétrico 60 vezes maior que aquele órgão, tornando-o capaz de gerar um campo eletromagnético de 4 a 5 metros em seu entorno.

É claro que tais características singulares atraem a atenção da Ciência. Estudos da UC Davis, universidade localizada na Califórnia, demonstraram que as batidas e a respiração das pessoas apaixonadas entram em sincronia quando interagem. Ou seja, pessoas que se amam entram em sintonia.

Outro estudo, desta vez realizado pela Universidade de Colorado, também nos Estados Unidos, demonstrou que o toque físico na pessoa amada, além de promover a sincronia cardíaca e respiratória, a sensação de dor pode ser reduzida. Não encontrei outros desdobramentos do estudo, mas já posso deduzir o porquê de, quando estamos em dor profunda, chamamos primeiro por nossa mãe – inconscientemente, sabemos onde buscar uma fonte interminável de xilocaína natural.

Talvez seja esta capacidade poderosíssima de gerar sintonia que faz com que as pessoas que falam e agem com o coração sejam tão carismáticas, tão atraentes. O que nos leva a uma outra questão importantíssima: com quem estamos sintonizados? Com quem permito que minha frequência se sincronize?

A sabedoria popular tem vários ditados sobre esta questão. Frases como “diga-me com quem andas e te direi quem és”; “quem anda com joão-de-barro vira ajudante de pedreiro”; ou “quem voa com morcego dorme de cabeça para baixo” colocam, de forma direta e clara, que é absolutamente importante termos consciência e responsabilidade com quem sintonizamos nossos corações.

Pois o coração também pensa e decide. Nossas decisões e ações são mais influenciadas pelo poder do coração do que pode supor nossa vã filosofia. 

A mente cerebral pode querer esconder, mas a mente cardíaca revela. A mente cerebral força protocolos, impõe normas, busca acorrentar o sentimento, aprisioná-los nos porões da racionalidade objetiva. Mas tamanha vigilância, tamanho controle, demanda energia e atenção constantes. Em um momento, surge uma brecha.

É quando o coração foge, e então fala e age. E a pessoa se revela por inteiro. Pode ser em um momento de raiva, ou na euforia de minutos de alegria, ou na verdade brotada em taças de vinho ou copos de cerveja. Os véus caem e ela revela o que tem por dentro.

Se o que ela fala é baseado no ódio, na discriminação, no medo, na desavença e na destemperança, é isto o que a energia do coração dela transmite à sua volta. É com esta frequência que ela busca sintonia.

E apesar do imenso poder que seu coração tem, a resposta ao chamado de outro coração é sua. A permissão para que seu próprio coração se sintonize com aquela frequência é sua única e exclusiva responsabilidade. E como sintonia significa troca, rapidamente você beberá da mesma fonte que encheu o coração com o qual se sintonizou: raiva, ódio, medo, discriminação.

Natural e suavemente, suas ações também terão o mesmo teor. E sua fala. E seu campo energético. Sem perceber, tornou-se uma fonte de negatividade, ainda que não enxergue isso. 

Não há piadas com palavras quando elas são para ferir ou machucar. O transmissor ou transmissora pode até alegar isto. Mas ela já revelou o que seu coração está preenchido. Sintonizar-se a isto é sua escolha, consciente ou inconsciente.

Por isto que Jesus afirmou que a boca apenas reproduz pelo que o coração está preenchido. É o seu verdadeiro sentimento, aquilo pelo qual ela colocará sua maior energia para realizar.

Os egípcios já sabiam disto. Segundo o Livro dos Mortos, todas as almas eram julgadas sobre suas ações enquanto vivos. O ponto alto do julgamento era quando Anúbis, o deus dos mortos, colocava o coração do morto em uma balança. No outro prato, colocava uma pena da deusa Maat, que representava a ordem, a justiça e a verdade. Se o coração do morto pesava mais do que a pena, significava que estava cheio de maldade. Sua entrada no paraíso egípcio seria proibida, e sua alma deixaria de existir.

Seu coração estaria mais leve do que a pena de Maat? O que revelam os lábios daqueles que você decidiu seguir e andar junto? 

O que sua própria boca revela quando fala?

Somente quando decidirmos viver pelas virtudes que tornam nosso coração mais leve é que estaremos trilhando o caminho da integridade, o caminho dos amantes. Nossa boca falará a língua dos anjos. Elevaremos as pessoas, libertando-as das sintonias do ódio, do medo e da raiva. E alcançamos então o verdadeiro significado de Honra.

Maurício Luz

Maurício Luz escreve a Coluna "Frases em Nosso Tempo", aos sábados para O Guardião da Montanha.

Ele é carioca e ganhou prêmios:

1º Belmiro Siqueira de Administração – em 1996, na categoria monografia, com o tema “O Cliente em Primeiro Lugar”. 

E o 2ºBelmiro Siqueira em 2008, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Desafios e Oportunidades Para a Ciência da Administração”..

Ex-integrante da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Conselho de Administração RJ. 

Com experiência em empresas como SmithKline Beecham (atual Glaxo SmithKline), Lojas Americanas e Petrobras Distribuidora, ocupando cargos de liderança de equipes voltadas ao atendimento ao cliente.

Maurício Luz é empresário, palestrante e Professor. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997). 

Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec (2005). Formação em Liderança por Condor Blanco Internacional (2012). 

Formação em Coach pela IFICCoach (2018). Certificado como Conscious Business Change Agent pelo Conscious Business Innerprise (2019). 

Atualmente em processo de certificação em consultor de Negócios Conscientes por Conscious Business Journey.

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