"Documento
único abrigará dados biométricos e civis, como o RG, CPF, Carteira
de Habilitação e Título de Eleitor, mas não eliminará a
existência deles."
Por
Chico Sant’Anna
"Em
breve, os brasileiros deverão passar a ter que portar uma nova
identidade, trata-se de um único documento de identidade pessoal. O
Congresso Nacional está finalizando a aprovação da lei que cria o
Documento de Identificação Nacional (DIN). Embora traga as
informações e dados biométricos e civis, como o RG, CPF,
Carteira de Habilitação e Título de Eleitor, a nova identidade não
eliminará a necessidade de o cidadão ter que se registrar em cada
um dos órgãos que emitem tais documentos.
Desde
a época da Ditadura Militar, os governos estudam a criação de um
documento único de identificação que reúna dados do RG, do CPF e
do Título de Eleitor. Na época, o então MDB foi contra, por
considerar que o documento único facilitaria à mão pesada do
Estado em vigiar o cidadão. Curiosamente, foi um dos grandes nomes
do PMDB, o ex-senador gaúcho Pedro Simon, quem, em 1997, propôs uma
lei que instituía o número único de Registro de Identidade Civil
(RIC).
O
novo documento único, com o avanço da informática, terá
capacidade de agregar mais informações do que as idealizadas na
época da ditadura militar. A atual proposta de documento único traz
um chip onde todas as informações do cidadão brasileiros estarão
alí inseridas. Dados biométricos – peso, altura, cor da pele –
e civis, como a carteira de identidade, o RG; o CPF, a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) e o Título de Eleitor, serão
concentrados nesse único documento. O DIN foi proposto pelo governo
federal em 2015. Já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal. Falta agora apenas a sanção presidencial.
Burocracia
Mas
a burocracia não acaba com a criação do DIN. Na prática, o DIN
não substitui os demais documentos, mas sim, agrega em uma só
identificação os dados de todos eles. Mais ou menos como acontece
hoje com a carteira de habilitação, na qual o titular pode inserir
seu CPF e RG. Desta forma, o cidadão terá que continuar a obter seu
CPF junto a Receita Federal, seu titulo de eleitorm na Justiça
Eleitoral, e seu RG na autoridade policial. De acordo com o projeto,
o DIN dispensará a apresentação dos documentos que lhe deram
origem ou nele mencionados e será emitido pela Justiça Eleitoral,
ou por delegação do TSE a outros órgãos, que garantirá o acesso
à União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios e ao
Poder Legislativo.
Nova
identidade
A
nova identidade, que será impressa pela Casa da Moeda em formato de
cartão plástico, será usada como base para a identificação do
cidadão. Além da foto e do impressão digital ela terá vários
controles eletrônicos, assemelhando-se a identidades utilizadas na
Europa.
Já
as carteiras de identidades emitidas pelas entidades de classe
somente serão válidas se atenderem aos requisitos de biometria e de
fotografia conforme o padrão utilizado no DIN. Assim entidades como
a Ordem dos Advogados do Brasil, a Federação Nacional dos
Jornalistas e outros Conselhos Federais, que têm autorização legal
para emitir identidades profissionais, terão que se adaptar à nova
lei e ao novo formato da identidade.
Dúvidas
Há
temas não clarificados no projeto.
- Essa nova cédula será gratuita, ou, a exemplo da carteira de habilitação e do passaporte, será cobrada uma taxa de expedição?
- A partir de que idade será possível obter esse novo documento. A Receita Federal passou a exigir CPF de crianças com doze anos e a informação de que essa idade será rebaixada para oito no próximo ano.
- Crianças poderão ser portadores do DIN? E em se tirando uma identidade tão jovem, ela terá validade?
- Existirá uma validade para essa nova identidade? Qual será ela?
Atualmente,
não existe uma validade definida em lei, mas os países
sul-americanos com quem o Brasil tem acordo de dispensa de
apresentação de passaportes exigem que a identidade não tenham
mais de dez anos de expedição. Orientados pela Federação
Brasileira de Bancos – Febraban tem orientado as instituições
financeiras a exigir identidades atualizadas para evitar fraudes. Em
2011, a presidente Dilma Roussef vetou integralmente um projeto que
fixava a obrigação de renovar a identidade a cada dez anos.
Vazamentos
O
brasileiro já está cansado de ver suas informações abrigadas em
bancos de dados serem vazadas e até comercializadas para outros
fins. Por isso, o projeto prevê punição para a comercialização,
total ou parcial, da base de dados da ICN, com pena de detenção de
2 a 4 anos, além de multa para quem descumprir essa proibição.
Será
criado ainda um comitê gestor da Identificação Civil Nacional,
composto por três representantes do Executivo federal; três
representantes do TSE; um da Câmara dos Deputados; um do Senado
Federal e um do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele terá a
atribuição de recomendar o padrão biométrico da ICN; a regra de
formação do número da ICN; o padrão e os documentos necessários
para expedição do DIN; os parâmetros técnicos e
econômico-financeiros da prestação dos serviços de conferência
de dados que envolvam a biometria; e as diretrizes para administração
do Fundo da Identificação Civil Nacional (FICN), também criado
pelo projeto. O fundo será gerido e administrado pelo TSE para
custear o desenvolvimento e a manutenção da ICN e das bases por ela
utilizadas."
Fonte: Blog do Chico
Sant'Anna – de Brasília
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