sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Quanto custa trazer paz a um paciente terminal?

Medicina Paliativa: Porque todos merecem uma morte tranquila

Redação do Diário da Saúde


Do físico ao espiritual
medicina paliativa no Brasil ainda está engatinhando.

Muitos profissionais de saúde sequer entendem o conceito de oferecer atendimento multidisciplinar para pacientes com uma doença que brevemente lhes tirará a vida.

Para o profissional de medicina paliativa, a prioridade é compreender e enxergar a pessoa, não a doença, atentando a detalhes, além de prover uma sobrevida maior e com a melhor qualidade e menor sofrimento possíveis. Nada de intervenções abusivas, e sim um tratamento integrado e ajustado a cada paciente.

"Vemos o paciente de uma forma completa, global e trabalhamos com suas necessidades físicas, psicossociais e espirituais," explica o Dr. Marcos Montagnini, que atualmente é diretor do Programa de Educação em Medicina Paliativa da Universidade de Michigan (EUA).
Humanização da medicina
Os profissionais de cuidados paliativos trabalham na humanização da medicina de maneira mais profunda.

As ações incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio espiritual ao paciente, desde o diagnóstico ao óbito. Para os familiares, as ações se dividem entre apoio social e espiritual e intervenções psicoterapêuticas, também do diagnóstico ao período do luto.

"A população está envelhecendo e o problema é que os espaços para cuidados paliativos são quase inexistentes no Brasil. É imprescindível alinhar o tratamento físico com a parte emocional de um paciente. Essa área é realmente um campo emergente," disse Montagnini.

De fato, apenas três das 180 escolas de medicina do Brasil, ou seja, 1,7%, oferecem educação em cuidados paliativos.

Cursos em medicina paliativa
Para tentar diminuir essa carência, as escolas de Medicina da Universidade de Michigan e da USP (Universidade de São Paulo) criaram um novo programa de intercâmbio para observação e estudos em cuidados paliativos. Desde o ano passado, oito residentes brasileiros passaram um mês em Michigan para aprender e vivenciar os conceitos básicos da medicina paliativa.

Durante o treinamento, os residentes visitantes aprendem sobre o gerenciamento da dor no fim da vida, ganham habilidades de comunicação relativas a situações delicadas enfrentadas no dia-a-dia com os pacientes com doenças crônicas, aprendem como uma equipe interdisciplinar trabalha dentro de uma casa de cuidados de pacientes terminais, além de outras competências, como a importância em passar mais tempo com os pacientes.

Em contraste com os Estados Unidos, a instrução de medicina paliativa não é uma exigência nas escolas médicas brasileiras e as atividades relacionadas ainda precisam ser regulamentadas na forma de lei. A instrução de medicina paliativa no nível de pós-graduação também é insuficiente. Nos EUA, a disciplina é obrigatória há mais de uma década.”
Fonte: Diário da Saúde

Redação do Diário da Saúde


Custo da paz
É cada vez maior a preocupação com os tratamentos paliativos, dando dignidade e bem-estar ao paciente depois que se esgotaram todos os recursos terapêuticos.
Contudo, técnicas de acompanhamento holístico frequentemente esbarram nos argumentos de custos.

Mas a Dra. Deborah Cook, da Universidade de McMaster (EUA), demonstrou que custa muito pouco honrar os últimos desejos dos pacientes, o que os ajuda a manter o significado de suas vidas, suas memórias e a passar em paz pelo processo de morrer.

Dignificar a morte e celebrar a vida
O projeto, que continua funcionando, envolve um pesquisador ou médico do paciente usar de toda a sensibilidade para identificar três desejos do paciente terminal ou da família para honrar aquele que se prepara para partir.

"Nós desenvolvemos este projeto para tentar trazer paz aos dias finais de pacientes criticamente doentes e para facilitar o processo de luto," explica Deborah.

"Para os pacientes nós queremos dignificar suas mortes e celebrar suas vidas; para os membros da família, queremos humanizar a experiência de morrer e criar memórias positivas; e, para os médicos, queremos fomentar a assistência ao paciente e cuidados centrados na família," esclarece ela.

Últimos desejos
Os desejos mais relatados pelos pacientes e suas famílias envolvem cinco áreas:
  • humanizar o ambiente, trazendo coisas como flores favoritas e objetos queridos;
  • prestar tributos pessoais, na forma de uma comemoração ou do plantio de uma árvore em homenagem ao paciente;
  • reconexões familiares, localizando e trazendo um parente sem contato há muito tempo;
  • rituais, como preces ou renovação de votos matrimoniais;
  • viabilizar a realização de doações por parte do paciente, na forma de recursos para instituições de caridade ou doação de órgãos.
A equipe conseguiu viabilizar 97,5% dos desejos dos pacientes e das famílias, a um custo que variou de zero a US$ 200 por paciente.

Que família não se disporia a pagar tão pouco para satisfazer o último desejo de um ente querido?”

Fonte: Diário da Saúde

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