Medicina Paliativa: Porque todos merecem uma morte tranquila
Redação
do Diário da Saúde
Do
físico ao espiritual
“A medicina
paliativa no
Brasil ainda está engatinhando.
Muitos
profissionais de saúde sequer entendem o conceito de oferecer
atendimento multidisciplinar para pacientes com uma doença que
brevemente lhes tirará a vida.
Para
o profissional de medicina paliativa, a prioridade é compreender e
enxergar a pessoa, não a doença, atentando a detalhes, além de
prover uma sobrevida maior e com a melhor qualidade e menor
sofrimento possíveis. Nada de intervenções abusivas, e sim um
tratamento integrado e ajustado a cada paciente.
"Vemos
o paciente de uma forma completa, global e trabalhamos com suas
necessidades físicas, psicossociais e espirituais," explica o
Dr. Marcos Montagnini, que atualmente é diretor do Programa de
Educação em Medicina Paliativa da Universidade de Michigan (EUA).
Humanização
da medicina
Os
profissionais de cuidados paliativos trabalham na humanização da
medicina de maneira mais profunda.
As
ações incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas
físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio espiritual ao
paciente, desde o diagnóstico ao óbito. Para os familiares, as
ações se dividem entre apoio social e espiritual e intervenções
psicoterapêuticas, também do diagnóstico ao período do luto.
"A
população está envelhecendo e o problema é que os espaços para
cuidados paliativos são quase inexistentes no Brasil. É
imprescindível alinhar o tratamento físico com a parte emocional de
um paciente. Essa área é realmente um campo emergente," disse
Montagnini.
De
fato, apenas três das 180 escolas de medicina do Brasil, ou seja,
1,7%, oferecem educação em cuidados paliativos.
Cursos
em medicina paliativa
Para
tentar diminuir essa carência, as escolas de Medicina da
Universidade de Michigan e da USP (Universidade de São Paulo)
criaram um novo programa de intercâmbio para observação e estudos
em cuidados paliativos. Desde o ano passado, oito residentes
brasileiros passaram um mês em Michigan para aprender e vivenciar os
conceitos básicos da medicina paliativa.
Durante
o treinamento, os residentes visitantes aprendem sobre o
gerenciamento da dor no fim da vida, ganham habilidades de
comunicação relativas a situações delicadas enfrentadas no
dia-a-dia com os pacientes com doenças crônicas, aprendem como uma
equipe interdisciplinar trabalha dentro de uma casa de cuidados de
pacientes terminais, além de outras competências, como a
importância em passar mais tempo com os pacientes.
Em
contraste com os Estados Unidos, a instrução de medicina paliativa
não é uma exigência nas escolas médicas brasileiras e as
atividades relacionadas ainda precisam ser regulamentadas na forma de
lei. A instrução de medicina paliativa no nível
de pós-graduação também é insuficiente. Nos EUA, a disciplina é
obrigatória há mais de uma década.”
Fonte: Diário da Saúde
Redação
do Diário da Saúde
Custo
da paz
É
cada vez maior a preocupação com os tratamentos
paliativos,
dando dignidade e bem-estar ao paciente depois
que se esgotaram todos os recursos terapêuticos.
Contudo, técnicas
de acompanhamento holístico frequentemente
esbarram nos argumentos de custos.
Mas
a Dra. Deborah Cook, da Universidade de McMaster (EUA), demonstrou
que custa muito pouco honrar os últimos desejos dos pacientes, o que
os ajuda a manter o significado de suas vidas, suas memórias e a
passar em paz pelo processo de morrer.
Dignificar
a morte e celebrar a vida
O
projeto, que continua funcionando, envolve um pesquisador ou médico
do paciente usar de toda a sensibilidade para identificar três
desejos do paciente terminal ou da família para honrar aquele que se
prepara para partir.
"Nós
desenvolvemos este projeto para tentar trazer paz aos dias finais de
pacientes criticamente doentes e para facilitar o processo de luto,"
explica Deborah.
"Para
os pacientes nós queremos dignificar suas mortes e celebrar suas
vidas; para os membros da família, queremos humanizar a experiência
de morrer e criar memórias positivas; e, para os médicos, queremos
fomentar a assistência ao paciente e cuidados centrados na família,"
esclarece ela.
Últimos
desejos
Os
desejos mais relatados pelos pacientes e suas famílias envolvem
cinco áreas:
- humanizar o ambiente, trazendo coisas como flores favoritas e objetos queridos;
- prestar tributos pessoais, na forma de uma comemoração ou do plantio de uma árvore em homenagem ao paciente;
- reconexões familiares, localizando e trazendo um parente sem contato há muito tempo;
- rituais, como preces ou renovação de votos matrimoniais;
- viabilizar a realização de doações por parte do paciente, na forma de recursos para instituições de caridade ou doação de órgãos.
A
equipe conseguiu viabilizar 97,5% dos desejos dos pacientes e das
famílias, a um custo que variou de zero a US$ 200 por paciente.
Que
família não se disporia a pagar tão pouco para satisfazer o último
desejo de um ente querido?”
Fonte:
Diário da Saúde
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