Por
Ricardo Galhardo – Estadão
"O Conselho Federal e
o Colégio de Presidentes Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) aprovaram nesta segunda-feira, 10, por unanimidade, a
recomendação para o afastamento dos cargos públicos de todos os
envolvidos no caso dos diálogos entre integrantes da Lava Jato
divulgados pelo site The Intercept.
A nota pública
aprovada não cita nominalmente o ministro da Justiça, Sérgio Moro,
nem o procurador da República Deltan Dallagnol, cujas conversas
foram divulgadas. Na nota, a OAB manifesta “preocupação” e
“perplexidade” tanto com o conteúdo dos diálogos quanto com a
possibilidade de as autoridades terem sido “hackeadas”. Para a
entidade, esses fatos trazem “grave risco à segurança
institucional” e “ameaçam os alicerces do Estado Democrático de
Direito”.
A OAB decidiu ainda que
“não se furtará em tomar todas as medidas cabíveis para o
regular esclarecimento dos fatos, especialmente junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF), Procuradoria-Geral da República (PGR),
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Conselho Nacional
de Justiça (CNJ)” para garantir que os fatos sejam esclarecidos.
“Não se pode
desconsiderar a gravidade dos fatos, o que demanda investigação
plena, imparcial e isenta, na medida em que estes envolvem membros do
Ministério Público Federal, ex-membro do Poder Judiciário e a
possível relação de promiscuidade na condução de ações penais
no âmbito da Operação Lava Jato. Este quadro recomenda que os
envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam,
especialmente para que as investigações corram sem qualquer
suspeita”, diz a nota.
Leia a nota na
íntegra:
O Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Colégio de Presidentes de
Seccionais, por deliberação unânime, manifestam perplexidade e
preocupação com os fatos recentemente noticiados pela mídia,
envolvendo procuradores da república e um ex-magistrado, tanto pelo
fato de autoridades públicas supostamente terem sido “hackeadas”,
com grave risco à segurança institucional, quanto pelo conteúdo
das conversas veiculadas, que ameaçam caros alicerces do Estado
Democrático de Direito.
É preciso, antes de
tudo, prudência. A íntegra dos documentos deve ser analisada para
que, somente após o devido processo legal – com todo o plexo de
direitos fundamentais que lhe é inerente –, seja formado juízo
definitivo de valor.
Não se pode
desconsiderar, contudo, a gravidade dos fatos, o que demanda
investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que estes
envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder
Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de
ações penais no âmbito da operação lava-jato. Este quadro
recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos
que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem
qualquer suspeita.
A independência e
imparcialidade do Poder Judiciário sempre foram valores defendidos e
perseguidos por esta instituição, que, de igual modo, zela pela
liberdade de imprensa e sua prerrogativa Constitucional de sigilo da
fonte, tudo como forma de garantir a solidez dos pilares democráticos
da República.
A Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), que tem em seu histórico a defesa da
Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático e do
regular funcionamento das instituições, não se furtará em tomar
todas as medidas cabíveis para o regular esclarecimento dos fatos,
especialmente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF),
Procuradoria-Geral da República (PGR), Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
reafirmando, por fim, sua confiança nas instituições públicas."
Fonte:
Estadão
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