foto: Wilson Dias/Agência Brasil) |
"O decreto presidencial é promessa de campanha do presidente, mas é visto por parte dos parlamentares como inconstitucional e perigoso"
Por
Luiz
Calcagno
“Senadores
votaram, na manhã desta quarta-feira (12/6), na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa o projeto de
decreto legislativo que susta os efeitos do decreto do presidente da
República, Jair Bolsonaro, que facilita o acesso às armas à
população. O texto aprovado vai a plenário ainda hoje e com
urgência.
O decreto presidencial
é promessa de campanha de Bolsonaro, mas é visto por parte dos
parlamentares como inconstitucional e perigoso, além de tirar do
Congresso a prerrogativa do debate sobre o tema, exorbitando as
funções específicas dos poderes. Os senadores favoráveis ao PDL
que susta os efeitos da ação do governo se apoiam, dentre outros
dados ao levantamento do Atlas da Violência do país, produzido pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O levantamento mostrou
que, em 2017, 65,6 mil pessoas morreram assassinadas no país, sendo
que 47,5 mil, pouco mais de 72%, foram vítimas de armas de fogo. O
PDL já tinha sido levado à CCJ do Senado na última quinta-feira
(5). Após o debate, cientes de que o cenário era desfavorável,
alguns parlamentares, entre eles o senador Major Olímpio (PSL-SP)
pediram uma audiência pública, mas não conseguiram.
O Senador Fabiano
Contrato (Rede-ES) argumentou que o decreto fere a Constituição
Federal e o Estatuto do Desarmamento, que é uma lei federal. "Um
decreto presidencial não pode violar uma lei federal. Trata-se de
uma ação populista, imediatista, que transfere a responsabilidade
do poder executivo de pacificação armando a população",
atacou.
O senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) foi na mesma linha. "Quem está falando da
inconstitucionalidade e da exorbitância do decreto é a consultoria
técnica da casa. Aponta inconstitucionalidade e, por nove vezes, diz
que o decreto extrapolou o poder regulamentar. O presidente quis
animar sua base social", atacou.
Já Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) foi irônico em sua fala. "Parece que estamos em um
paraíso de Segurança Pública. Os governos desrespeitaram as urnas
do referendo e impediram cidadãos de ter acesso a arma de fogo",
afirmou fazendo referência ao referendo de 2005, onde 63% dos
brasileiros votaram a favor do comércio de armas de fogo. Flávio
Bolsonaro argumentou, ainda, que o tema já foi exaustivamente
debatido nas eleições.
Major Olímpio
(PSL-SP), por sua vez, falou de modo agressivo. "Deus é contra
as armas, mas está do lado de quem atira melhor", afirmou. "O
que estamos discutindo, primeiro, é a invasão de competência, está
mais que demonstrado que não há. Soberania? O STF defeca na nossa
cabeça todos os dias. Hoje, vai cair o decreto e vai ser festa na
quebrada, nas facções. Só vai piorar para o cidadão. Parabéns,
quem está ganhando com isso é o mundo do crime", contra atacou.
A senadora Elisiane
Gama (Cidadania-MA), contraargumentou. "O decreto presidencial
não cumpre a lei. O estatuto do desarmamento reduziu o número de
homicídios. E o decreto muda a espinha dorsal do desarmamento. No
país, em 30% dos latrocínios, as vítimas são profissionais de
Segurança que tentaram reagir. Nos Estados Unidos, de 100 que matam,
60 vão pra cadeia. No Brasil, cinco. Não temos como comparar. A
arma é indicativo forte para termos mais violência. O Brasil
mata mais que a Síria. Mais armas na mao de brasileiros será
mecanismo fácil para mais armas nas mão de bandidos", disse.”
Fonte:Correio Braziliense - Brasil
Fonte:Correio Braziliense - Brasil
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